Esta é daquelas coisas que me revolta e não sei o que faria se acontecesse com o meu filho.
Ainda há dias falei disto com alguns dos meus explicandos e contei-lhes alguns episódios da minha época de primária, onde na altura era normalíssimo a professora bater nos alunos.
Tive a mesma professora do 1° ao 4° ano, que por acaso foi a mesma da minha irmã. Lembro-me de nesses 4 anos me ter dado uma bofetada e um puxão de orelhas.
A bofetada, não me recordo porque foi, mas lembro-me de me ter sentido envergonhada e revoltada. O puxão de orelhas lembro-me perfeitamente de ter sido por ter desenhado mais umas bolinhas na coluna das centenas. Portanto aqui além da vergonha e da revolta ainda senti injustiça, porque era algo simples de resolver apagando.
Tinha uma colega com muitas dificuldades que levava reguadas, bofetadas ou puxões de orelhas todos os dias. E lembro-me de, todos os dias ela ir dar um beijinho à professora quando chegava e quando abalava. Aquilo irritava-me profundamente e pensava: "mas leva porrada todos os dias e ainda vai dar beijinhos à professora?!"
Eu como detestava essa mania de irem a correr ter com a professora, raramente lhe dava beijinhos e nesses dois episódios era impensável olhar sequer para a senhora, quanto mais dar-lhe um beijinho. Achava que isso era estar a aceitar aquele tratamento ou a engraxar. Nunca gostei de lambe botas...
Mas isto era normal! E há quem ainda ache normal.
Há dias, num grupo sobre PHDA, uma mãe disse que o seu filho, com PHDA e Défice cognitivo, não acompanhava o ritmo da turma e que por isso ficava nos intervalos a terminar os trabalhos, o que o levou a automutilar-se várias vezes.
Mas isto é normal? Parece normal? Como é que um professor fica bem de consciência nestas circunstâncias?
Eu fiquei tão revoltada quando li aquilo, porque se isso acontecesse com o meu filho eu era pessoa para fazer um escândalo na escola. Até troquei algumas mensagens com a mãe e trocámos algumas impressões, e deu para perceber que a mãe tinha receio de fazer alguma coisa e ainda ser pior para o menino.
Mas não podemos ter medo e estas coisas têm de ser denunciadas. Os professores não têm a vida facilitada, etc, mas não têm de ter este tipo de atitudes com as crianças. E têm de perceber que os seus atos terão consequências.
E só de estar a recordar estes episódios já estou com o batimento cardíaco acelerado... estas coisas revoltam-me muito!
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