Ontem o Gonçalo teve consulta com a neuropediatra, para vermos como está o rapaz a desenvolver.
Está bem encaminhado, a Dra ficou satisfeita com as avaliações escolares, com o relatório da psicomotricidade, e tal como eu e como a psicomotricista, também acha que a questão do ritmo de trabalho (a maior preocupação da professora), é um mal menor, visto que ele adquiriu os conhecimentos propostos, sabe ler e escrever dentro das letras que aprendeu, faz contas e está a acompanhar bem a turma em termos de aprendizagens.
Visto que a nível académico as coisas estão a correr bem, nas férias a psicomotricidade vai ser mais para trabalhar a rapidez de trabalho e a motricidade fina, que ainda tem alguns problemas. Vai ser uma pequena mudança na estratégia e possivelmente vai ser temporária, depois voltaremos ao foco nas competências académicas.
Em termos de medicação, não foi necessário fazer alterações e a Dra até sugeriu uma diminuição na dose, nas férias, para ver se o Gonçalo engorda.
A medicação tem essa desvantagem, de tirar o apetite e muitas crianças perdem peso por isso. Acontece que o Gonçalo não perdeu o apetite. Sempre foi magrinho, apesar de comer bem, portanto não sei bem se a questão passa pela diminuição da dose. Também temos de ver se compensa diminuir a medicação, porque por um lado ele não precisa tanto de estar concentrado, mas a medicação atua a nível comportamental, portanto uma redução pode trazer mais agitação, mais frustração, etc. Além disso, temos receio de reduzir e depois quando voltarmos à dose normal ele andar apático, que é algo muito difícil. Tem de ser algo bem pensado.
A consulta foi muito à base de conversa, partilhei algumas coisas com a Dra, onde falei sobre o facto da professora mencionar muitas vezes "o Gonçalo é autista" e de eu achar que isso é limitante. Ele nem gosta que a professora diga isso e diz logo "eu não sou nada autista". Por um lado, ele tem essas características que não podem ser ignoradas, e devem estar mencionadas nos relatórios, para que ao longo da vida se vá tendo isso em conta no seu desenvolvimento. Mas por outro lado a questão das características da PEA não são o problema principal. Essas características estão mais relacionadas com a socialização (que tem vindo a melhorar), enquanto que a PHDA está super vincada e é para essa perturbação que ele é medicado, para que o ajude no desenvolvimento e qualidade de vida.
"- É isto que penso Dra, não sei se estou a ver as coisas mal..."
"- É mesmo isso, e ainda bem que a mãe tem essa noção. São características que ao longo da vida se vão perdendo, só temos de ir acompanhando, enquanto que a desatenção dele é muito mais forte."
Esta proximidade tranquiliza-me, porque vejo que posso colocar qualquer dúvida, por mais parva que pareça.
Este mês fez 2 anos que o Gonçalo começou as consultas de desenvolvimento e a psicomotricidade. Na altura foram tantas as pessoas que me disseram que ia gastar muito dinheiro, que estes médicos só querem dinheiro, que o menino não tinha nada e há tantas crianças assim, que devia de pedir ao médico de família para nos mandar para as consultas no hospital (para não gastar tanto dinheiro)... ouvi de tudo, mesmo sem pedir opiniões a ninguém!
Bem, consulta no hospital, temos no fim de agosto, portanto 2 anos e 3 meses depois de começarmos no privado. E se tivesse ficado à espera, como estaria o Gonçalo neste momento? E a nossa conta bancária, será que já tínhamos enriquecido?
E olhando para trás, orgulho-me muito deste percurso. Não fomos na conversa dos outros, fizemos as coisas dentro das nossas possibilidades e colocámos o nosso filho em primeiro lugar. E graças a isso, vemos que ele está bem encaminhado e mesmo nas alturas que algo não corre como previsto, depressa voltamos aos eixos. Seguimos fortes!
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