A tão esperada consulta de desenvolvimento no Hospital S.Bernardo aconteceu hoje.
Foram 17 meses à espera e a minha espectativa era tão baixinha, tão baixinha, que ainda ponderei em não irmos.
Mas fomos.
Falámos sobre esta consulta com o Gonçalo, preparámo-lo porque ele estava preocupado se tinha de fazer análises ao sangue e se tinha de fazer trabalhos (como faz na psicomotricidade).
Saímos do carro e a primeira coisa que ele disse foi "não acho piada nenhuma a este Hospital... eu nem quero ir a esta consulta...".
Eu já não ía às consultas externas quase há 20 anos. A última vez que fui, tive uma consulta de dermatologia e tenho ideia que na altura estava mais organizado.
Tive dificuldade em achar a sala onde teríamos de esperar, não percebi onde estava a sinalética, segui o meu instinto e lá encontrei a sala 6 amarela.
Fomos chamados poucos minutos depois da hora marcada e a consulta durou cerca de 1 hora.
Foram feitas todas as perguntas normais nestas consultas, foram vistas avaliações da escola, relatórios de outros médicos/terapeutas, foram feitas perguntas ao Gonçalo (que não esteve minimamente cooperante), mas logo de início ouvi o que já esperava: "então mas o Gonçalo já é acompanhado pela Dra Ana? Então porque vieram para aqui?"
E eu expliquei que a médica de família na altura, achou que poderíamos conseguir ter terapia da fala no hospital.
A médica quase que riu e disse-me logo para tirar isso da cabeça. "Há um terapeuta da fala para estes casos... tenho crianças com diagnósticos muito mais graves que o Gonçalo que vêm à consulta, eu mando para a terapia e um ano depois quando regressam à consulta, ainda não foram chamados... eu posso enviá-lo para a terapia, mas não o vão chamar...".
Eu super consciente desta reslidade, disse que a minha expectativa era baixa, portanto não esperava grandes respostas dali.
No entanto a consulta foi muito completa, mesmo sabendo que não seria para dar continuidade. No fim a Dra disse-me para continuar com quem estou pois estamos bem entregues, que ali nunca teríamos o acompanhamento que já temos no particular e com a médica que temos.
Saí de lá um pouco triste. Por um lado satisfeita por ter mais um médico a dizer que estamos bem entregues. Mas triste por ver mais uma porta a ser fechada.
A escola não dá resposta, o hospital não dá resposta, a segurança social dificilmente dará resposta porque somos um casal com rendimentos acima de 12000 por ano, e com essa fortuna ninguém precisa de ajuda para nada.
A conversa é sempre a mesma, há casos mais graves que precisam mais de ajuda. Tudo bem. E os casos menos graves vão sendo empurrados com a barriga? Fazemos descontos, e não são poucos, e no fim não temos direito a nada. Que país é este? Nada melhora?
Ou temos nós algum dinheiro para nos chegarmos à frente, ou então estes casos menos graves vão ficando graves porque não têm o devido acompanhamento. Ninguém vê isto?
A Dra até perguntou porque não faziamos terapia da fala no particular e eu disse "porque não temos dinheiro. Não conseguimos fazer psicomotricidade e terapia da fala e todas as outras consultas que ele também precisa...".
Sinto uma pequena revolta, ssbem?
O médico de família também fez o pedido de terapia da fala no centro de saúde, mas pelo andar da carruagem também já estou a prever o desfecho, porque há casos mais graves.
Entretanto, como precisava de tratar de outro assunto com a neuropediatra dele, enviei-lhe email e aproveitei para falar desta consulta, onde falei das minhas preocupações. Uma hora depois tinha a resposta da Dra, esclareceu-me, tranquilizou-me e pronto. No público dificilmente isto aconteceria, o que não deixa de ser triste.
Sinto um certo aperto no peito, porque às vezes parece que não vejo luz ao fundo do túnel, é uma preocupação constante, mas sei que estar assim também não ajuda.
Tenho de continuar a fazer o básico bem feito, a fazer a minha parte, a insistir com a escola e procurar outras alternativas, outras soluções, porque não dá para ficar a ver a banda passar.
Sem comentários:
Enviar um comentário