Tenho alguns posts iniciados e não terminados, para publicar. Hoje ía publicar um desses, mas a vida nem sempre corre como planeado.
O meu bairro está de luto!
Faleceu um vizinho, um amigo, sem ninguém esperar e preparar-se para isso.
Hoje de manhã, quando levei o Gonçalo à escola, tinha o meu carro estacionado em frente ao café, como tantas outras vezes.
Esta semana o café estaria fechado para férias, ninguém sabia que seriam férias eternas. O Zé já não volta. O café já não abre. E hoje, é que eu interiorizei isso. Eu sabia que seria assim, claro. Mas hoje foi o clique e eu emocionei-me a pensar nisso.
Aquela esplanada não terá mais pessoas a tagarelar às 7:30 da manhã. Não voltaremos a beber café entre vizinhos, com conversas aleatórias. Não voltaremos a dar 2 dedos de conversa com o Zé, que mesmo nos dias de rabugice, era bem disposto à sua maneira. Tinha sempre resposta para tudo e todos. Nunca lhe perguntei se na escola era assim, com respostas tão na ponta da língua... todos gostávamos do Zé, mesmo quando ele estava rabugento! 😅
Há um ano e pouco faleceu o pai do Zé. De repente, também sem ninguém esperar. Tratava da mercearia e tinha sempre boa conversa. Sempre educado, uma pessoa do bem, mesmo.
Foi um choque para todos! Mas a rotina continuou. O Zé continuava aqui. Tratava do café e da mercearia. Fazia as vezes dele e do pai. E ninguém pensou que de repente deixaria de ser assim.
Ficou a mãe... nenhuma mãe merece enterrar um filho, nenhuma! E como é que esta mãe vai continuar a vida?
Hoje o filho do Zé ligou-me do telemóvel do pai. Assim que vi o nome, por uma fração de segundos pensei que fosse o Zé. Mas depois caiu a ficha e pensei "como podia o Zé ligar-me do além?" Quando atendi o miúdo disse "Lena, sou eu". "Sim André, então?", disse-lhe eu...
E é assim, a vida muda num ápice! Por muito que se planeie, a vida já tem planos para nós!
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