sábado, 18 de abril de 2015

MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES

Sempre gostei de blogues sobre economia e organização doméstica e já há muitos anos que acompanho alguns blogues portugueses que falam sobre o assunto.

Num destes dias, ou melhor, em vários destes dias, sempre que li o blogue da Mónica, Organizar a Casa, pensava nas mudanças que ocorrem nas nossas vidas, muitas vezes sem esperarmos.

No site, a Mónica sempre partilhou a sua forma de poupar, que nada se aproximava da minha. Apesar de todas as diferenças, eu lia atentamente as suas dicas, porque sempre acreditei que o saber não ocupa lugar. E ficava muitas vezes inspirada pelos seus textos, admirava a sua dedicação a toda a poupança, tudo o que envolvia, etc. O certo, é que os hábitos de poupança da Mónica entretanto, tiveram de mudar. Hoje, ela mesma diz não fazer stock como antes, não aproveitar a maioria dos cupões de desconto, não usar o método dos envelopes e ficar-se apenas por aquilo que é mesmo essencial. E no meio de tudo isto, continuo a admirá-la. Pois a sua vida deu uma grande volta, mas continua a ter hábitos de poupança e a pensar bem antes de comprar. Simplesmente os seus hábitos mudaram.

Chamo a isto ter jogo de cintura e acho que nem toda a gente tem essa capacidade. Nos tempos que correm, já não acredito em coisas para toda a vida. Acredito mesmo que nada é garantido e hoje podemos estar muito bem, e amanhã estamos muito mal. Felizmente o contrario também acontece!!!

Eu e o Bruno vivemos juntos há cerca de 5 anos e meio e posso dizer que tivemos momentos muito, mesmo muito difíceis. Estive sem trabalho muitos meses, que passaram a anos, ora tinha qualquer coisa, ora não tinha nada e, essa instabilidade fez-nos alterar muita coisa na nossa vida. Quando lia sobre as poupanças da Mónica, tinha plena consciência de não estar em condição de seguir as suas dicas, mas criei as minhas próprias dicas. E graças a elas, ao nosso jogo de cintura e ao meu (às vezes excessivo) optimismo, conseguimos sempre levar o barco para a frente.

A vida é cíclica, minha gente. Tivemos tempos difíceis, mas estamos melhor agora. E verdade seja dita, esses tempos difíceis fizeram-nos bem, uniram-nos muito e olhamos para traz com a satisfação de ver que todos os obstáculos foram ultrapassados.

Vou falar então dos hábitos que tínhamos, que deixamos de ter, os que recuperámos e os que ficaram para traz.

No inicio da nossa vida matrimonial, jantávamos fora todas as semanas, íamos ao cinema também praticamente todas as semanas, saíamos com amigos à noite.
Nos tempos difíceis, esses hábitos foram totalmente abolidos.

Fazíamos muitos petiscos em casa com amigos.
Deixamos de fazer, pois percebemos que por muito que se dividissem as despesas, acabávamos por gastar mais do que caso fizéssemos só para nós.

Experimentavamos todas as novidades de queijinhos, aperitivozinhos e outros coisinhos...
Deixámos de o fazer e comprávamos só o essencial e básico.

Em termos de comida, comprávamos o que gostávamos, o que nos apetecia sem grande atenção ao preço. Como por exemplo lombo de vaca, que na altura custava cerca de 16€/kg e passamos a comer o chamado ganso da vaca, ou rabadilha, que custava 6€/kg ou 7€/kg.

Fazíamos as compras para casa juntos.
Com o tempo percebi que o Bruno tinha dificuldade em abdicar das coisas que gostava, de não poder comprar certas coisas por causa de 1 ou 2 euros. Comecei a fazer as compras sozinha, pois conseguia gerir melhor o orçamento.

Adorava experimentar as novidades de detergentes de chão, de casa de banho, de tudo. Em casa havia um detergente para cada coisinha.
Passei a comprar produtos de marca branca, a usar detergentes universais para não ter um para cada coisa e rendi-me à mistura de água, vinagre e detergente de loiça.

Eu frequentava o ginásio.
Nos tempos difíceis, deixei de frequentar.

Ia à cabeleireira todos os meses cortar, pintar e esticar o cabelo.
Nos tempos difíceis passei a pintar em casa (pintando só as raízes, de forma a que uma embalagem desse para duas utilizações), passei a cortar mês sim, mês não, e mudei para um salão mais perto de casa e também mais económico.

Fazia a depilação na esteticista de duas em duas semanas.
Passei a fazer a depilação em casa e só as sobrancelhas e buço eram feitos na esticista, mas a manutenção era feita em casa, para não ter de ir lá muitas vezes.

Comprava todas as revistas e mais algumas, desde arquitectura e decoração, a exercício físico e muito mais.
Passei a comprar só as que gostava mesmo, no máximo 3 por mês. No entanto, muitas vezes comprava só uma.

Comprávamos roupa quando nos apetecia.
Depois, começámos a comprar só duas vezes por ano, basicamente nos saldos e pouca coisa.

Poupávamos dinheiro todos meses, mas sem termos uma quantia definida.
Com a crise, começamos a poupar apenas para ter dinheiro para as despesas do mês seguinte e não para guardar a longo prazo. Por exemplo, tive um mês em que tive alguns trabalhos de arquitectura e recebi uma quantia agradável. No entanto, sabia que esse dinheiro não podia ser gasto, pois não sabia quando iria ter outros projectos. Guardei esse dinheiro para pagar as rendas de casa de mais de 6 meses.

E no meio de tudo isto, ainda fazíamos outras opções. Não tínhamos tv cabo nem internet, vivíamos numa casa muito pequena e antiga, desfizemo-nos de um carro para pouparmos nos seguros e manutenção dos mesmos, deixámos de comprar comida feita fora, tínhamos cuidado com os gastos de eletricidade e água, não passeávamos ao fim-de-semana e não mantínhamos um estilo de vida superior aquele que podíamos pagar.
Não nos importávamos com as perguntas e observações quanto ao nosso estilo de vida, do género: com mais 50€ de renda tinham uma casa muito melhor, a internet e tv cabo só custa 40€, comprar um frango assado com guarnição é 10€, não é muito caro... entre outras coisas. As contas eram nossas, tal como o dinheiro e as opções, e cada um sabe de si. E para nós era importante cumprir com os nossos compromissos sem contar com o "ovo no cu da galinha".

E depois de tanto tempo a abdicar de certas coisas, agora que os tempos são de mais alivio, muitos dos hábitos de poupança, mantêm-se.

Jantar fora todas as semanas, foi algo que ficou no passado. Não me parece que voltemos a ter esse habito, a não ser que saia o euromilhões. Comer fora sai caro...

Cinema - Santinho! Ci... quê? Não pomos la os pés há uns anos. Nem sei qual é o preço actual dos bilhetes. Há meses que dizemos: " Temos de ir ao cinema." - Mas passa, porque foi um hábito que perdemos. Gostamos muito de filmes, mas vemo-los em casa.

Saídas à noite - Só de pensar, já fico cansada. Mas isso também deve ser da idade...

Voltámos a comprar os miminhos que gostávamos, tal como a fazer compras juntos. No entanto, não voltei à mania dos detergentes de marca e cada um para uma coisa. Num destes meses comprei um detergente que gostava muito antes, e que depois usava o correspondente de marca branca. Cheguei à conclusão que a diferença é mesmo o preço, porque de resto...

Quanto ao ginásio, gostava de retomar. Mas gostava de voltar ao mesmo, que não fica perto de casa, teria de atravessar toda a cidade e com os meus horários, está fora de questão.

Voltei a fazer a depilação na esticista, mas ia morrendo. A verdade é que a minha esteticista dos tempos pré-crise, deixou de trabalhar. A esticista de agora, não tem a mesma delicadeza e subtileza da anterior. Portanto, mantenho os hábitos dos tempos de crise. Quanto à cabeleireira, estou no meio termo. Não voltei totalmente aos hábitos antigos.

Continuo a comprar 3 revistas mensais, no máximo.

Investimos nalgumas peças de roupa. Na verdade, muitas. Estávamos mesmo a precisar de renovar a roupa, pois estava tudo muito velhinho. No entanto, não voltamos a comprar roupa cara como era nosso habito. Vamos a lojas mais económicas, e agora há muitas.

Em termos de poupanças de dinheiro, poupamos no mínimo 10% do que ganhamos, como poupança a longo prazo.

Muitos dos hábitos dos tempos mais difíceis, são mantidos, pois aprendemos a valorizar outras coisas.

Peço desculpa pelo texto longo, mas o tema é mesmo assim. Espero que gostem da partilha, que surgiu porque leio o blogue da Mónica, a quem deixo uma beijoca, caso ela passe por aqui.

Bom fim de semana!
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2 comentários:

  1. É verdade a vida tem altos e baixos e só temos que ter a capacidade de tentar adaptar às situações o que nem sempre é fácil!! Tambem sigo o blog da Mónica e adoro e parabéns Helena mais uma vez adorei de coração o teu post!! Beijinho, Ana

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