quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

EU, O DESTRALHAMENTO, O FENG SHUI E O MÉTODO KONMARI

A arrumação e organização não nasceram comigo. Mas tem sido algo que tenho tentado implementar ao longo da minha vida, por já ter percebido que as vantagens na organização são muitas.

Até de forma um pouco inconsciente, vou lendo e vendo exemplos de organização de outras pessoas, o que tem surtido os seus efeitos. Positivos, diga-se. Mas a necessidade de organizar mais e melhor, nasceu quando sai da casa dos meus pais e fui viver com o Bruno na nossa primeira casa.

Ao contrário da casa dos meus pais que é grande e com bastante espaço para ter tudo e mais alguma coisa e, para nunca ter sentido a necessidade de destralhar em grande, a nossa primeira casa era muito pequena (45m2) e rapidamente percebi que tinha um problema de espaço em mãos. Ou seria um problema de excesso de tralha?

Na mesma altura tive um trabalho relacionado com Feng Shui e voltei a ler sobre alguns dos seus conceitos: Um espaço limpo e livre possibilita a circulação de energia, desfazermo-nos de objetos velhos permite-nos ter espaço físico e emocional para objetos novos, cuidar do espaço atrai boas energias, etc.

Nesta altura comecei a destralhar. Tralha é coisa que toda a gente tem em casa. Papéis, revistas, objetos desnecessários, roupa que não se veste... E devagar fui conseguindo destralhar cada vez mais e melhor, sem dó nem piedade. Sim, porque de inicio é difícil. Há sempre um sentimento de culpa, há sempre o receio de se precisar daquele objeto daqui a uns tempos, há sempre o apego e o valor sentimental. Mas como em tudo na vida, a pratica faz a perfeição.

Há cerca de um ano e meio, quando nos mudamos para a casa onde vivemos atualmente, comecei a ver o destralhamento de forma ainda mais séria. Desfiz-me de muita roupa, da coleção de revistas de arquitetura, de tanta coisa... Começamos a ter mais espaço, começou a ser mais fácil manter as coisas organizadas e comecei a procurar outras formas de organizar a casa, a roupa, a cozinha, etc.

Até que li o livro "A mágica da arrumação" (cá em Portugal "Arrume a sua casa, arrume a sua vida" da editora pergaminho) da Marie Kondo (podem ler aqui), que criou o Método konMari. Gostei do que li apesar de não concordar com tudo.

A Marie diz que o destralhamento deve ser feito de uma vez. Tipo empreitada. Talvez para algumas pessoas tenha mesmo de ser assim, mas comigo tem funcionado de forma faseada. Comecei aos poucos, e agora é algo que faço com grande naturalidade e para isso, não precisei de colocar a roupa toda existente na casa, no chão de uma divisão para ir destralhando. Acho que fazer tudo de uma vez pode criar uma certa ansiedade e até pode ser desmotivante se a pessoa tiver muita coisa.

Por outro lado, a autora também refere que os seus clientes seguiram o seu método (óbvio) e que nunca mais voltaram a ter tralha e desorganização. Ora aí está algo que não compreendo. Para mim organização e destralhamento são coisas que nunca terminam, tal como uma dieta. 
Quem quer perder peso não pode fazer dieta e ficar por aí, senão volta a engordar. Portanto acho que destralhar tem de ser algo feito com alguma regularidade, senão a bagunça volta.

Outro ponto que não concordo, é com a arrumação em gavetas. Para a Marie, a roupa deve estar toda, ou a maioria, arrumada em gavetas. Pessoalmente gosto de ter a minha roupa pendurada. E é assim que funciona comigo. No entanto para o meu marido, resulta melhor a arrumação na gaveta.

Por fim, a ideia de que se não vestirmos uma peça de roupa durante um ano que devemos destralha-la. Não estou bem de acordo, pois acontece-me muito não vestir algumas peças durante um ano e no ano seguinte volto a vestir. Talvez um ano seja pouco, dois ou três parece-me melhor.

Mas depois há muitos outros itens que concordo. Concordo plenamente que não dá para organizar tralha, por isso é necessário eliminar a tralha para podermos organizar um espaço.

A forma de dobrar roupa da Marie Kondo é simplesmente fantástica. Já usava uma forma parecida, mas esta ainda é melhor. E é como o Bruno diz, "até dá pena de tirar a roupa", pois as gavetas ficam muito giras.

Quando li no livro que não devemos ficar com roupa que já não gostamos só porque ainda está em bom estado, para usar em casa, percebi que era algo que costumava fazer. Guardava peças de roupa para usar em casa, mas não me sentia bem com elas. Apesar de estarem em bom estado, não eram peças que usasse para sair de casa, o que mostrava que já não cumpriam o seu dever.
Mas não sei porquê, deixei de o fazer. Acho que foi por ocuparem demasiado espaço. Espaço esse que era importante para roupa a sério. Já não guardo roupa com esse intuito. Tenho roupa para estar em casa, mas que é bonita, confortável e que se precisar de ir à mercearia com ela vestida, vou.

Por fim, algo que fiz durante alguns anos (mas não faço há muito tempo), e a Marie também diz que não deve ser feito, é levar a tralha para a casa dos pais. Isso não é destralhar, é apenas estar a acumular noutro sitio. Sem me aperceber estava a "poluir" a casa dos meus pais com as minhas tralhas. Neste momento tenho lá muitos livros, roupa, fotografias, coisas da faculdade... Tudo isso tem de ser destralhado. A maioria pode ir mesmo para o lixo.

Se ainda não te iniciaste no destralhamento, mas gostavas de começar, lê as seguintes dicas.

- No inicio não é fácil destralhar, mas com a pratica as coisas vão sendo mais óbvias e começa a ser algo que fazes naturalmente no dia-a-dia.

- O segredo é ir destralhando regularmente, para não se chegar a um ponto de se perder muito tempo com isso, o que pode ser desmotivante. Podes ter um cesto onde vais colocando coisas que já não queres, para quando estiver cheio te desfazeres delas.

- O objetivo de destralhar, não é desfazeres-te de coisas, para ires comprar outras (às vezes similares). Embora isso possa acontecer, por exemplo, desfazes-te de umas calças que já não usas, mas reparas que precisas de comprar outras que te favoreçam mais e que te deixem feliz, nesse caso tem lógica comprares. Mas imagina que compras um casaco impermeável porque precisas para os dias em que passas muito tempo fora e está a chover. No ano seguinte não chove tanto e praticamente não o usas, livras-te dele. Vem mais um ano, desata a chover, e lá vais tu comprar um casaco quase igual ao que te desfizeste no ano anterior. É tudo uma questão de bom senso.

- Não aceites tralha de outras pessoas. Se tiveres amigas, irmã, ou primas que te deem objetos que não queres (roupa, cd's. livros...), não aceites.

- Não dês tralha a outras pessoas. Se não queres ter tralha, não tem lógica dares a tua tralha aos outros. Dá só coisas de qualidade e se a pessoa se mostrar interessada.

- Não dês tralha, a pensar que a pessoa vai guardar e que um dia se te apetecer ou se te arrependeres, podes pedir. Não tem lógica e é uma atitude feia.

- Não vale a pena guardares roupas antigas a pensar que poderão voltar a usar-se. Um bom exemplo são as calças à boca de sino. Usaram-se durante muitos anos na década de 90 e até um pouco mais tarde. No ano passado voltaram. Mas são diferentes. Os materiais são diferentes, o próprio corte é outro, são para usar de forma muito diferente de há 15 anos atrás, é tudo diferente. E mesmo as calças dos anos 90, são muito diferentes das que se usaram nos anos 70. As modas podem voltar, mas nunca são iguais, iguais, iguais.

- Nem tudo o que é destralhado tem de ir para o lixo. Pode ser doado ou até vendido.

Da minha parte posso assegurar que até à data não me arrependi de nenhum objeto ou peça de roupa que tenha destralhado. 

É muito bom abrir o roupeiro e ver pouca roupa, mas saber que a uso toda, que me sinto bem com tudo e que gosto de tudo. 

É bom ter algum espaço vazio e também gosto de abrir as gavetas e fecha-las sem dificuldade por estarem demasiado cheias.

Além disto, demoro muito menos tempo a arrumar, tudo tem o seu lugar e a rotina doméstica está muito mais facilitada. 

Acredito mesmo que o facto de não ter coisas desnecessárias ou que não gostamos em casa, ajuda-nos a viver melhor. É fácil de perceber, se entrarmos numa casa cheia de moveis e tralha, a sensação é completamente diferente de entrar numa com espaço livre e arrumada, não é verdade? :)
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2 comentários:

  1. Excelente Helena! Concordo com tudo..no final do ano consegui destralhar e muito a minha casa fiquei tão leve e agora tudo é mais fácil de organiza e limpar. Beijinho, adoro posts de organização :-), Ana

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    1. Que bom Ana! Também gosto muito de posts de organização, prometo que vou continuar a falar sobre o assunto! Bjs :)

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