terça-feira, 11 de julho de 2017

EU TINHA MEDO DO PARTO

Há três meses enfrentei um dos grandes medos da minha vida.

Não sei explicar a razão de tanto medo, já que este era o meu primeiro parto, mas sempre senti receio de não ter fôlego e resistência para fazer um bebé nascer.

Durante a gravidez nunca exprimi este medo, ninguém sabia. Mas cheguei a dizer ao meu marido que preferia passar por uma cesariana, talvez fosse mais fácil. Não sei se é, mas dou graças a Deus não ter passado por uma e ter conseguido ultrapassar o medo.

Recordo o nascimento do Gonçalo como algo maravilhoso. Mas as contrações são horríveis, abençoada epidural! Esta que também me atormentava, não me custou, nem me lembro se doeu ou não, só me lembro de pensar que o alivio de não sentir contrações era imenso.

Passei 9 horas no bloco de partos, praticamente sempre deitada. Dormi e acordei varias vezes, e se por um lado estava desejosa de ter o meu bebé, por outro lá estava o medo que me fazia desejar que a hora estivesse longe.

Perto das 18 horas, a enfermeira parteira perguntou-me se sentia contrações, ao que respondi que sim: "Então ele vai nascer." - disse. Chamou outra enfermeira, o médico anestesista, começou a colocar a máscara, a montar toda a parafernália necessária e eu olho desesperada para o meu marido: "Já?!"

Sim Helena, já, o bebé tinha de sair, fosse como fosse!

Lembro-me que contei as vezes que fiz força para o bebé nascer. E dói, dói muito. Só pensava que não tinha mais forças para continuar a fazer força. O médico anestesista a certa altura diz-me: "Helena, agora é só a tua força, não há epidural, não há nada, força!!!"

Depois das cinco tentativas a enfermeira diz-me com um ar sério:" Helena, ele tem mesmo de nascer agora. Tens de fazer força de seguida, porque ele tem de nascer."

Só pensei: "E se não consigo?" - lá vinha o medo, aquela sensação de falta de ar, de encher os pulmões até ao limite e mesmo assim não ser suficiente. Respirei fundo, muito fundo (bendito yoga que tanto ajudaste nesta altura), fechei os olhos e fiz força, muita força... todos gritavam "força Helena, está quase, força". Cena de filme!

E o Gonçalo nasceu às 18:10. Chorou pouco, é a ideia que tenho. Colocaram-no em cima de mim, tal como tinha combinado com a enfermeira. "Oh bebé..." - dizia eu. Não sabia se ria ou se chorava, era tão pequenino, estava tão roxo, mas devia ser normal. O Bruno estava branco, com os olhos cheios de água. Uma enfermeira queria tira-lo, não percebi porquê, o anestesista dizia que não, que eu respirava para ele, pois ainda tinha o cordão... tanta coisa ao mesmo tempo. Já não tinha dores, dizem que dores paridas dores esquecidas, e é verdade!

E hoje recordando o parto, penso que estive muito bem acompanhada pela equipa. O Gonçalo tinha o cordão à volta do pescoço e já estava em sofrimento, por isso tinha mesmo de nascer, como disse a parteira. Ainda bem que consegui ultrapassar o medo, o bebé já não saiu de perto de mim. Mamou ainda no bloco, dormiu comigo na cama e de repente senti-me outra mulher, uma mulher com força para ultrapassar todos os obstáculos.

Neste momento é-me difícil pensar na minha vida antes dele. Parece que sempre esteve aqui comigo. É um amor incondicional! E para mim foi desde sempre.

Hoje fez 3 meses e cada vez que olho para ele penso na sorte que temos. Com ele nasceu também uma nova mãe e um novo pai! E é tão bom, tão mágico!

O parto foi doloroso, mas é um momento único! Dar à luz outro ser é mesmo um milagre!

E depois de tanto medo e de tanta força, a parteira diz-me que tenho muita resistência à dor, que me controlei muito bem e que se calhar nem precisava de epidural... Irónico não é? ;)
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