sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

CONSUMO CONSCIENTE: BABY BOY - BRINQUEDOS

Se há coisa onde tento ser muito consciente é na compra de brinquedos para o Gonçalo.

Fui uma criança com poucos brinquedos. Herdei alguns da minha irmã, e tinha pouca coisa. Acho que me lembro de quase todos os brinquedos que tive!

Cresci a ver uma das minhas primas com o quarto repleto de brinquedos, com todas as novidades, com brinquedos caros que o seu tio avô lhe trazia no Natal, da Alemanha. Adorava brincar com alguns, lembro-me particularmente da Barbie e do Ken e dos legos pequeninos. Do resto lembro-me de ter muitos novos ainda nas caixas e de não poder brincar com eles para não estraga-los... Já na altura, 7, 8 anos, isto parecia-me ridículo e sem lógica absolutamente nenhuma. Ela cresceu sem brincar com muitos dos seus caros brinquedos. Acho triste!

Ora bem, isto podia ser uma recordação triste para mim (para a minha prima deve ser...), mas não é.  Pois desde pequenita que sou bem resolvida e se a única Barbie que tive foi aos 10 anos, comprada por mim numa papelaria ao lado da escola preparatória onde estudava, até a ter brinquei com muitas imitações de Barbies. Cortei muitos cabelos a Barbies de imitação e nunca, mas nunca, ouvi um ralhete que fosse por isso.

Não tinha roupas bonitas para as ditas Barbies, criava-as eu. Com retalhos de tecidos das costuras da minha mãe, com linhas e agulhas, fazia muita roupa gira e original para a bonecada (tive uma altura que queria ser estilista...). Tudo servia para brincar.

Lembro-me de ver nas novelas brasileiras os telefones sem fio, pois eu criei o meu próprio telefone sem fio, com uma pequena tábua de madeira tirada das coisas do meu pai. E vivia feliz da vida, sempre criativa e nada entediada.

Portanto, um pouco inconscientemente, sempre associei o excesso de brinquedos à falta de criatividade. E a verdade é que ao longo da vida fui-me apercebendo desta relação. Hoje em dia com o uso de telemóveis e tabletes desde muito cedo, os miúdos são cada vez mais monótonos nas ideias. Fazer um desenho livre é para muitos uma tarefa stressante, e nem falo de escrever um texto livre... é pura tortura.

Portanto nunca fez parte dos meus planos encher o meu filho de brinquedos.

- Compramos poucos brinquedos e só o que realmente gosta.

- Deixamo-lo brincar com outras coisas, por exemplo, tachos e panelas, para fingir que cozinha, molas da roupa, que gosta de organizar por cores, ou fazer comboios ou pistas com o pai, pacotes de leite para torres ou livros para estacionamentos...





- No Natal e aniversário só oferecemos um brinquedo, em conjunto com um livro e uma peça de roupa (para desembrulhar, pois por regra nestas alturas compramos alguma roupa). Recebe alguns brinquedos de família/amigos chegados, que sabem os seus gostos.

- Tem um cantinho da brincadeira na sala, onde vamos revezando os brinquedos. Isto ajuda-o a ver tudo o que tem disponível e também a manter as coisas mais arrumadas.


- Aceitamos brinquedos de filhos de amigos ou familiares, mas só no caso de serem do agrado do Gonçalo e caso não tenha nada do género.

Coincidência, ou não, o Gonçalo tem-se mostrado criativo desde cedo. Brinca muito sozinho, criando as próprias brincadeiras, e às vezes dou por mim a pensar onde terá ido buscar certas ideias.

Para além da questão da criatividade, gosto de pensar que esta opção vai ajuda-lo a dar mais valor ao que tem e a não achar que pode ter tudo o que quer. Ainda é cedo para ter certezas neste aspeto, mas penso que será uma ajuda.

Também poupamos muito dinheiro, pois não nos sentimos na obrigação de comprar todas as novidades, e ele também não pede. Lá de vez em quando, quando vamos às compras, pede um carro (ele adora carros, particularmente os azuis...). Mas já aconteceu várias vezes vir sem nenhum, porque nada lhe agradava. "Gostas deste? - Não mãe. - E deste? - Não mãe..." Acabo a dizer-lhe que não vamos comprar porque não gosta de nenhum, e ele não se mostra nada preocupado.

Não temos o stress de ter muitos brinquedos desatualizados para a idade, primeiro porque não tem muitos, depois porque tem preferência por carros, e toda a gente lhe dá carros, que duram e duram e duram... os poucos brinquedos de bebé, guardei para recordação, porque são poucos e têm valor sentimental. Outros acabam por partir-se, ou são desmontados, e acabam inevitavelmente no lixo.

Gosto de lhe comprar livros e tento comprar com temas do seu interesse (tratores, camiões, carros...). Também tem muitos que eram de um amiguinho e alguns da minha sobrinha, que foram apenas emprestados por ela com a condição de serem estimados (assim tem acontecido). Embora note que não são o seu "brinquedo" favorito, e que mostra mais interesse por dicionários (temos 2 em casa, que passa a vida a folhear e a fingir que lê), vou tentando introduzi-los nas nossas rotinas desde sempre.




Também gosto de desenhar e pintar com ele. Em tempos ele pedia o desenho e eu fazia-o, ultimamente eu peço e ele desenha. Se bem que ficam sempre muito parecidos independentemente do que lhe peço! 😊



Brincamos com puzzles, Legos, e jogos do género. Alguns já vai fazendo sozinho, a outros dá usos diferentes, como torres, pistas de carros, etc.


Falta-nos a plasticina e não sei porquê. Sempre adorei plasticina e sempre gostei de oferecer às crianças. Tenho de comprar pois é ótimo para trabalhar a motricidade fina e claro, a criatividade.

Espero assim, estar a educar um menino criativo e consciente das suas necessidades , que não ache que para ser feliz precisa de ter todos os brinquedos da moda.

A ver vamos!
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