sábado, 11 de novembro de 2023

ESCOLA E DESENVOLVIMENTO - 11

 Dia 7 de Novembro o Gonçalo teve consulta com a pediatra de desenvolvimento e já temos o diagnóstico. 

Não havia muitas dúvidas, precisávamos apenas da confirmação de que o Gonçalo tem PHDA - perturbação de hiperatividade e defice de atenção.

Noutro post, falarei melhor sobre o assunto, onde vou explicar tudo o que envolve esta nova fase.

Hoje estou só aqui para desabafar. 

Há algo que me chateia quando se fala deste tipo de doença:

- A romantização, que anda de mãos dadas com a desvalorização e as duas andam de mãos dadas com a desinformação.

Já percebi que a maioria das pessoas (pelo menos as que não têm filhos com diagnósticos deste tipo) não está bem informada e faz juízos de valor baseados em teorias mal explicadas. 

Gostava muito de poder informar toda a gente sobre o assunto, embora saiba que não será possível. Mas já ficava muito feliz e realizada se conseguisse informar as pessoas próximas de nós e do Gonçalo.

Como sou realista e sei que mesmo pessoas próximas de nós não vão perceber tudo, vão fazer observações desnecessárias, vão opinar, etc, etc, etc, cabe-me proteger a minha (nossa) saúde mental e vou apenas ignorar. 

Não vamos romantizar achando que é um mal menor e que uma pessoa com PHDA é alguém irrequieto, que precisa de se esforçar para se concentrar ou que é mal educado. Basicamente estamos a dizer que a pessoa tem PHDA porque quer. 

Não vamos achar que alguém com este diagnóstico é mais inteligente que o resto da humanidade, porque o QI não está relacionado com a PHDA. Pode ser inteligente ou ter défice cognitivo, ou ainda ter um QI dentro do normal.

Não vamos achar que basta retirar o açúcar e o café da alimentação da pessoa e que o problema fica resolvido. 

Não vamos achar que não é grave porque ninguém morre por isso (pelo menos diretamente).

Não vamos achar que é uma coisa passageira, que passará com a idade e que todos os miúdos são assim.

Não vamos dizer (e já ouvi isto...) que 80% dos diagnósticos estão errados e que os pais têm de educar os filhos.

Não vamos dizer que no nosso tempo também éramos assim e isso resolvia-se com umas boas palmadas/tareias/castigos...

Não vamos achar que dar medicação é errado, como se os pais que optassem pelo tratamento farmacológico (que é usado e estudado desde os anos 40 do século XX) estivessem a drogar os filhos e fossem pessoas irresponsáveis. 

Não vamos achar que resolvemos o problema com muita calma e amor, e que vamos ser todos muito felizes se formos calmos e só emanarmos amor dos nossos corações (humanos).

Não vamos achar que se dermos muita atenção ao assunto ele vai piorar e que o melhor será fazer de conta que não se passa nada, como se "olhos que não veem, coração que não sente".

Não vamos dizer coisas do género "agora é moda ser hiperativo ou autista, toda a gente quer ser"...

Se for para falarmos do que não sabemos, o melhor é ficarmos calados. 

Há muita informação na Internet, não é preciso ler enciclopédias para perceber um pouco do assunto. Há videos, há posts, há imagens, é só procurar.

Deixo-vos um conselho: se têm alguém próximo com PHDA, autismo, ou outro tipo de transtorno/perturbação, informem-se um pouco, não custa nada.

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4 comentários:

  1. Boa tarde há muito que leio o teu blog , mas é a primeira vez que comento e não posso ficar indiferente pois concordo a 100% com o que escreveste pois também tenho um filho com o mesmo diagnostico e recebi muitos comentários que me deixaram profundamente triste ,o meu filho já faz em Marco 15 anos e desde os 2 anos que é acompanhado.
    O mais importante é ser bem acompanhado, ter as terapias que necessite e muito apoio , carinho e compreensão.
    Beijinhos felicidades e um feliz Ano Novo

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    1. Olá Carla, ia jurar que tinha respondido ao seu comentário, mas parece que não.
      Desde já muito obrigada pelo comentário, fico feliz de ter aqui mães que me compreendem verdadeiramente! Também acredito que o bom acompanhamento faça toda a diferença no desenvolvimento e tenho lutado bastante por isso. Há sempre preocupações, mas vamos com fé e foco! 😊 Beijinho para si e para o seu menino!

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  2. Olá Helena concordo plenamente com o que diz. o seu Post acabou por me interessar bastante, pois tenho uma sobrinha neta com 7 anos que entrou este ano para o primeiro ano da escola e está a ter algumas dificuldades, que já tinha no infantário. e muitas das coisas que descreve passaram-se com ela só que ninguém fez grande coisa a não ser a terapia da fala. continua com dificuldades em obedecer às regras, não consegue estar calada nem quieta, levanta-se quando quer e lhe apetece apesar de a professora a ter corrigir, e está com dificuldades no Português. Muitas vezes os aconselhei a procurarem uma pediatra ou um psicólogo para a entenderem melhor. Vou voltar a reforçar a ideia sem os amedrontar, tenho a certeza de ela precisa de ajuda. tudo de bom para si e continue a falar sobre o assunto pode ajudar muita gente.

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    1. Bom dia! De facto é essencial o diagnóstico, mas por falta de informação, ou até receio, há pais que preferem adiar, ou acreditar que é normal e que passará com a idade. O pior é que não passa, só piora e as crianças é que vão sofrer mais com as consequências. Sugira aos pais da menina que leiam estes posts que vou publicando, pode ser que os ajude a encarar amelhor a realidade!
      Um beijinho e muito obrigada pelo seu comentário!

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