quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

PHDA E PEA- DAS DESCONFIANÇAS AO DIAGNÓSTICO

 Esta nova rubrica é extremamente importante para mim, pois aqui irei partilhar esta nova fase da nossa vida.

A partir do momento que há um diagnóstico deste tipo, surgem muitas dúvidas e nada melhor do que ter um local onde vou escrevendo tudo para poder consultar sempre que necessário. 

Além de ser uma ajuda para mim, acredito que possa ajudar outras pessoas na mesma situação. 

Estamos apenas no início, mas caminhando faremos o caminho.

O Gonçalo sempre foi uma criança com muita energia. Em bebé não parava quieto, passava o tempo a "pedalar" e a mexer os braços. Mesmo na gravidez, ele mexia-se muito. Na fase em que eu tinha de contar os movimentos, era frequente ele fazer todos os movimentos enquanto eu ainda estava na cama. Depressa percebi que não precisava de contar, pois se algum dia não houvesse movimentos eu perceberia facilmente. 

Quando começou a andar, aos 12 meses (não gatinhou) não parava. Não se sentava a brincar e preferia passar o dia a correr.

Era frequente perguntarem-nos se ele era hiperativo por passar tanto tempo a correr, mas sempre achámos que era normal. Era uma criança ativa, nada de mais.

Com a entrada na pré-escola começaram a ser notórias outras questões: a dificuldade em permanecer sentado, a necessidade de se levantar a meio de uma tarefa para correr, a impaciência para esperar pela sua vez, a dificuldade em aceitar ordens e também a dificuldade em interagir com os colegas, o nervosismo com situações novas/diferentes e o facto de falar para si mesmo.

A maioria destes aspetos eram notados por nós (à exceção da dificuldade em interagir com outras crianças e os medos), mas em ambiente familiar nunca achámos preocupante. Sempre pensámos que fosse pela questão de não estar habituado à rotina escolar e que fosse uma questão de tempo. 

O facto de falar para si, de repetir palavras ou frases dos desenhos animados,  pessoalmente achava um pouco estranho, mas como ele começou a falar tarde, sempre achei que fosse uma estratégia para dizer bem as palavras. Também achava que fosse passar.

A partir do momento que a educadora e a terapeuta da fala aconselharam uma consulta de desenvolvimento, obviamente que as preocupações aumentaram.

Das avaliações que me entregaram eu percebia que estavam a sugerir autismo (e depois ambas confirmaram-mo numa reunião), mas os sintomas pareciam-me também de hiperatividade e défice de atenção, embora eu soubesse pouco sobre o assunto.

Pesquisei sobre consultas de desenvolvimento em Setúbal, quais eram os médicos indicados para este tipo de diagnóstico e acabei por falar com a psicóloga de uma explicanda minha, que me recomendou a Dra. Ana Branco na clínica Consulped em Setúbal. 

A consulta foi marcada para um mês e meio depois, e durante esse tempo o comportamento do Gonçalo piorou muito na escola, o que nos fazia acreditar que algo não estava bem.

A primeira consulta demorou cerca de 45 minutos a 1 hora, e a Dra fez-nos várias perguntas, onde nós explicámos as nossas preocupações, onde eu partilhei as avaliações da educadora e da terapeuta da fala, e onde a dra. falou bastante com o Gonçalo. 

Logo nessa consulta disse acreditar mais numa perturbação de hiperatividade e defice de atenção do que no autismo, se bem que poderia haver autismo mas muito leve, que não seria relevante.

Prescreveu vários exames: análises clinicas, electrocardiograma, timpanograma, audiograma, e uma avaliação de pré-requisitos com uma terapeuta de psicomotricidade também da clínica. 

Esta avaliação de pré-requisitos seria importante para perceber se o Gonçalo estava apto para ingressar no 1° ano escolar. E percebemos que não, pois havia muita dificuldade em concentrar-se, o tempo de atenção era muito curto, havia muita conversa pelo meio, necessidade de se levantar, fazia vários exercícios a despachar, mostrava pouco interesse e muita despreocupação... 

Pedimos assim o adiamento, que foi justificado com os relatórios da terapeuta de psicomotricidade, da terapeuta da fala e da educadora de infância, e foi aceite.

No total foram feitas 5 ou 6 sessões (já não me recordo bem), mas a terapeuta fez um relatório sem a avaliação estar concluída para fazermos o pedido atempadamente.  Depois de mais 2 sessões completou então o relatório e entregou-nos também estratégias para lidarmos com as dificuldades do Gonçalo. 

Depois de todos os exames e de todas as sessões, foi altura de fazer a segunda consulta com a pediatra de desenvolvimento. 

Aqui chega-nos o diagnóstico de PHDA (Perturbaçãode Hiperatividade e Défice de Atenção), de características de personalidade da Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) num grau leve, além de Perturbação da linguagem e da fala (por não dizer o "r"). A pediatra referiu que o mais preocupante no momento era a questão da fala e esta preocupação prende-se com a dificuldade que pode surgir na altura de aprender a ler e a escrever. 

A PHDA será cuidada através de medicação e de terapia de psicomotricidade, o que irá também ajudar na questão do autismo (que por ser leve passa despercebida para a maioria das pessoas, e há características que poderão permanecer ao longo da vida). E a questão da fala terá de ser vista por um terapeuta da fala.

De momento estamos a tentar que a terapia da fala seja feita na escola, tal como o acompanhamento psicológico que não foi referido na consulta, mas vem referido no relatório da Pediatra.

Portanto, para já, o Gonçalo está medicado e faz 2 sessões de psicomotricidade (é uma espécie de terapia ocupacional) por mês. 

Tudo o resto dependerá de vários fatores.

Além de tudo isto, o Gonçalo é abrangido por medidas de inclusão na escola, referentes ao decreto-lei n° 54/2018. De momento está com as medidas gerais, mas visto que já temos um diagnóstico vai ser requerido que tenha medidas específicas, de modo a ajudar nas suas dificuldades. 

Trocando por miúdos, de momento vai uma educadora de educação especial à escola, uma vez por semana, trabalhar com ele e com outros meninos. Com o Gonçalo, a educadora não trabalha diretamente, mas faz a articulação com a educadora do Gonçalo. 

Entretanto, esta educadora vai falar também com a terapeuta do Gonçalo, de modo a trabalharem todos na mesma direção, o que me parece extremamente importante! 

Tudo isto é possível e acontece porque há muito diálogo. Eu gosto de colocar todos os pontos nos "is", informo-me o máximo possível e quando tenho dúvidas, questiono! A comunicação é super importante!


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