quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A BELEZA DOS DESTRALHES

 Há uns dias, de manhã a beber café com umas vizinhas, falou-se de roupa, de ter muita roupa, de tralha e de organizar tralha. 

Oh pá, assuntos destes eu sou muito entendida. Posso não conseguir dar conta de tudo sempre, mas que sei a teoria na ponta da língua, sei! Alguém falou numa japonesa que organiza casas e eu perguntei se era a Marie Kondo.

Era essa mesmo, diziam que a mulher arruma tudo e organizava tudo que era uma maravilha.

Eu disse para verem os documentários dela na Netflix, que foi onde vi, mas ninguém tinha Netflix. Também disse que há livros, foi assim que ela começou, mas ninguém tinha tempo para ler os livros da senhora.

Então eu partilhei algumas coisas que ainda me lembro, onde disse que me faz confusão as pessoas guardarem tudo, tudo, tudo. Algumas delas com casas espetaculares, muito bonitas, mas completamente atulhadas em tralha.

Vai daí, uma das vizinhas diz-me o seguinte: " Lena, quando saires desta casa é que vais ver a porcaria que tens em casa... a gente junta muita tralha e nem sabe, só quando se muda de casa é que se vê. Foi o que me aconteceu... blá, blá, blá."

Eu pensei: "oh filha, realmente não me conheces."

A minha vida é um destralhe constante. Ainda no início do mês doei 3 sacos de roupa e brinquedos do Gonçalo, para um contentor que ía para Cabo Verde.

Estou constantemente a destralhar, não passo uma semana da minha vida que não destralhe qualquer coisinha: roupa, calçado, malas, livros, louça, toalhas, lençóis, brinquedos, revistas (atualmente já não compro, ou faço-o muito raramente), bijuteria, tudo...

Sempre que arrumo gavetas vejo se há alguma coisa que já não faz sentido manter e se não fizer vai fora (sendo que o fora pode ser lixo ou doação).

Continuo a dizer que o pior são as coisas do meu marido, mas até essas eu já vou destralhando. 

Vivemos numa casa com menos de 60 m2, sem arrecadação, garagem ou que for. Lá é possível manter tudo? Nem é possível, nem quero. Acreditem em mim, se sentem que têm demasiadas coisas, que não conseguem manter nada em ordem, que não encontram nada quando precissm, muito provavelmente têm tralha. Desfaçam-se disso e vão ver que é um caminho sem volta.

Assim que percebemos os benefícios, a leveza que nos traz, o desapego, acreditem que não vão querer outra coisa.

E não vos digo para fazerem destralhes à maluca. 

Em tempos tinha uma amiga que destralhava num ano, no ano a seguir estava a comprar idêntico. Convém usar a cabeça, não exageremos!

Mas no geral, se for bem feito, não há arrependimentos, há leveza e espaço livre!

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