quarta-feira, 9 de abril de 2025

COSCUVILHICES...

 Há uns dias, num dia de compras de supermercado, aproveitei para beber um café só com a minha pessoa. Aqueles momentos que eu raramente preciso quase todos os dias, sabem?

Na mesa atrás de mim sentaram-se duas senhoras, que eu não vi, mas que percebi de imediato que uma era super faladora, e a outra super discreta!

A senhora faladora não era propriamente discreta no volume da conversa, portanto mesmo que eu não quisesse ouvir, ouvia tudo.

A senhora falou, falou, falou, falou, de coisas aleatórias, até que surge o nome de uma terceira senhora e a conversa permaneceu nesse tema.

Aqui eu acabei por não conseguir deixar de ouvir e confesso que fiquei atenta. A minha veia de velha cusca a dar o ar da sua graça...

Então a senhora dizia mais ou menos o seguinte: (...) convidei-a para o jantar do dia das mulheres, não quis ir porque achava caro... mas na semana a seguir já andava com roupa nova e unhas de gel (...)".

A senhora discreta pouco falava, mas nesta altura disse: "É a neta que lhe compra, manda vir da Internet. Elas agora mandam vir tudo da Internet, até as unhas é a neta que tem as coisas e pinta-lhe..."

Mas a senhora faladora continuava indignadissima com tamanha vaidade, e continuava a destilar veneno e inveja. Até que a senhora discreta diz algo que me deu vontade de aplaudir: "Pois, são prioridades... ela compra roupa e arranja-se, tu comes bolos no café e fumas... quanto dinheiro é que gastas em tabaco por semana?"

Oh pá, eu adorei esta resposta e a senhora faladora respondeu já num tom mais baixo "ah, isto é só a gente a falar..."

Depois eu levantei-me e não resisti em olhar para as senhoras, que também devolveram o olhar. Eram duas pessoas normais a falar de coisas banais. Mas não deixa de ser interessante porque acho que todos nós temos uma "senhora faladora" na nossa vida. Alguém que acha sempre que está no direito de criticar as nossas opções, só porque são diferentes das dela.

E isto leva-me a pensar num exercício interessante que todos devíamos fazer: sempre que criticamos alguém, devemos olhar para nós. 

Primeiro para percebermos porque estamos a criticar a opção da outra pessoa, se isso não influencia em nada a nossa vida. Será por inveja, será o nosso ego inflamado... será o quê?

Depois devemos aproveitar esse momento de crítica, essa necessidade, e direcionar a critica para nós e dizer algo do género "Estou aqui a criticar, vou é aproveitar para fazer algo construtivo", "ou vou mas é tratar do monte de roupa que tenho para passar", ou "vou aprender alguma coisa nova".

Não seriamos todos mais felizes assim? 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sem comentários:

Enviar um comentário