Todos nós tivemos de fazer alterações de rotina neste confinamento, tal como no primeiro.
Mas cá em casa senti uma grande reviravolta e as rotinas foram muito diferentes das do primeiro confinamento.
No ano passado, eu fiquei praticamente dois meses sem trabalhar. O meu marido também esteve várias semanas em casa, portanto a gestão das tarefas não era difícil. O pior era mesmo estarmos tanto tempo em casa com uma criança pequena.
. TRABALHO
Desta vez eu estive duas semanas sem trabalhar (para quem desconhece sou arquiteta, mas há alguns anos que a minha atividade principal é dar explicações), as duas semanas que as escolas estiveram fechadas e depois tive de começar a dar explicações on-line.
É uma grande mudança, são formas de trabalhar completamente distintas. Depois, o facto de estar em casa com o Gonçalo não me permitia trabalhar. Apesar de algumas pessoas acharem possível trabalhar-se bem em frente a um computador com uma criança de 3 anos, não é fácil, nem saudável, e era algo inconcebível para mim. Sei que há quem não tenha outra opção, e sinto-me solidária com essas pessoas , porque convenhamos que deve ser um 31. Portanto tive de organizar os meus dias de trabalho para os dias em que o meu marido estaria em casa em lay-off. Passei a ter alguns dias completamente livres e alguns completamente cheios.
E quando um trabalha o outro toma conta do filho.
Tive de trazer 1500 livros do meu escritório para casa. Já trabalhei em casa, já tive cá os 1500 livros (claro que estou a exagerar) e todo o material necessário, mas agora não tenho esse espaço. Logo, tive de organizar tudo muito bem, para ter onde arrumar esses livros, a impressora e mais umas coisas que habitualmente não tenho em casa.
Nos primeiros dias dei explicação sentada em dois almofadões com o portátil na mesa do Gonçalo. Uns dias estava no meu quarto, outros dias no quarto do Gonçalo. Ultimamente já estou sempre na cozinha, pois apesar de tentar estar com uma boa postura, os meus joelhos queixaram-se. Isso obrigou-nos também a organizar bem os horários, as refeições, para que quando eu estiver trabalhar, não haja movimento e barulho na cozinha.
Ou seja, da minha parte houve aqui uma grande mudança. Foi na forma de trabalhar, foi no facto de ter de sair da minha zona de conforto, foi na organização do trabalho e também na organização do espaço de trabalho.
. ROTINA DOMÉSTICA
A nível doméstico, antes do confinamento, já estava a conseguir uma rotina que me agradava e que me permitia ter algum tempo para mim. Claro que tive de alterar tudo, mais uma vez. Fui tentando manter as coisas em ordem, mas o desanimo não me ajudou nada. Eu estive tão desmotivada com as coisas da casa que fazia apenas o mínimo dos mínimos.
Cheguei a um ponto de sentir que a casa estava a colapsar. Resolvi começar com as limpezas grandes, profundas. Até porque este ano só a cozinha se livrou do bolor (a sala tem apenas uma mancha, mas é uma infiltração, resultante de uma telha partida, que precisa de ser resolvida pelo senhorio...deve ser lá para dia de S. Nunca...).
Comecei pelo quarto do Gonçalo, já passei pelo nosso e para a semana terei de escolher entre a casa-de-banho ou a lavandaria/marquise. Cada divisão leva pelo menos um dia, e é uma limpeza profunda, com lavagem de paredes, tetos e tudo o resto. Custa, mas no fim sabe muito bem. Seria melhor se fosse tudo feito numa semana, acho que conseguiria recolher melhor os benefícios da limpeza, mas não sendo possível, terá de ser assim.
. COMPRAS
Relativamente às compras, continuei com o mesmo sistema. Aliás, desde o inicio da pandemia que é assim. Faço compras de 2 em 2 semanas, e só em caso de necessidade é que compramos algumas coisas numa das mercearias do nosso bairro.
Sinto que este confinamento foi mais um "tentar levar a vida normal sem a normalidade do costume". E acho que será um ano assim, cheio de novos desafios e adaptações.
. EXERCÍCIO FÍSICO
Ainda não consegui ter animo, motivação, sei lá, para voltar ao exercício diário. Mas todos os dias, desde que não chova, saio para dar um passeio com o Gonçalo e, nas ultimas 2 ou 3 semanas fazemos os três uma caminhada pelo bairro, depois do jantar e de arrumarmos a cozinha (entre 30 a 45 minutos). Não é muito, não dá para transpirar porque andamos ao ritmo do Gonçalo, mas é melhor do que estarmos com o rabo enfiado no sofá e tem sido bom apanhar o ar fresco da noite.
Espero conseguir aproveitar a primavera para voltar ao exercício efetivo. Com o frio é tudo mais difícil, portanto vamos acreditar e fazer por isso.
Em abril voltarei à explicação presencial e julgo que teremos uma rotina mais próxima da que tínhamos antes deste confinamento. O Gonçalo regressará a estar com os avós na maior parte dos dias e estaremos na Primavera, com dias maiores, para serem bem aproveitados dentro daquilo que nos será possível!
Sem comentários:
Enviar um comentário