terça-feira, 14 de setembro de 2021

GONÇALO - FALA, INFANTÁRIO, DESENVOLVIMENTO

Iniciei este post em Março de 2021. Não o terminei, mas achei que o assunto merecia vir à baila aqui no blogue, portanto aqui está. 

Contarei as novidades num segundo post!

 Há cerca de 2 anos escrevi este post sobre as consultas de rotina do Gonçalo e as questões que me eram colocadas, e apontadas, pelos médicos e enfermeiras aquando as consultas.

Passaram-se 2 anos e pelo meio surgiu uma pandemia que veio alterar muitos planos na vida de toda a gente.

O Gonçalo no ano passado não foi para o infantário, como estava planeado, por conta deste vírus. Como sempre, há quem critique, há quem concorde e nós, independentemente da opinião de terceiros, estivemos sempre muito tranquilos em mantê-lo com os avós.

Se tudo correr bem irá em Setembro para o infantário. E digo se tudo correr bem, porque só o pré-inscrevi num infantário. Se calha a não haver vaga, estou tramada e lá tenho de procurar outro. E é mesmo aquele que queremos!!!

Quando o Gonçalo fez 3 anos, estávamos mesmo no inicio da pandemia e em confinamento. Optámos por não fazer as consultas de 3 anos logo nessa altura e acabou por fazer a consulta com a pediatra com 3 anos e 5 meses e com a médica de família nem chegou a fazer (centros de saúde fechados e no nosso disseram que uma vez que ele tinha pediatra por optar por fazer só num sitio).

Nesta altura o Gonçalo começava a fazer as primeiras frases e a falar mais. Continuava a ter uma conversa muito limitada para a idade e palavras ditas de forma muito diferente do que era suposto.

A pediatra começou por perguntar quais eram as novidades em relação à consulta dos 2 anos:

- Já dorme sozinho no seu quarto,

- Não usa fralda,

- Não bebe biberão,

- Continua com a fala atrasada, apesar de ter progressos.

Pronto, a fala está atrasada, está tudo mal, já não interessa no que evoluiu.

Começam então as perguntas ao pequeno: 

- Como te chamas? - Sá Sá. (sai um frisar de sobrancelha...)

- Como é que se chama o pai? - O pai tim carros ("o pai pinta carros", e disse-o com um grande sorriso e orgulho).

Sai outro franzir de sobrancelha... - E a mãe, como se chama? - Helê

Nisto mostra um jipe que levava e diz: É o carro da Dá. - Sai outro franzir de sobrancelha e eu digo: "A Dá é a avó." E a Dra começa escrever com um ar muito sério.

Pergunta-lhe ainda como era o bolo de aniversário, se era da Patrulha Pata (Desenhos animados que só há pouco tempo começou a ver de vez em quando) e ele não se mostra interessado na pergunta e vai para a janela ver os carros e falar sobre isso. A Dra diz-me: Eles costumam gostar dos bolos de aniversário... - E eu respondi: Ele fez anos no fim-de-semana da Páscoa, estávamos em estado de emergência, não houve festa e os nossos bolos de aniversário são bolos caseiros. 

Também perguntou as cores. Que na altura ele reconhecia, mas dizia uns nomes estranho. As únicas que dizia bem eram azul e rosa, mas encarnado era cácá, laranja xixi (sim, eu sei, não me perguntem porquê...) cinzento era cinzeu (menos mal), amarelo era uan... Enfim, pouco parecido com as palavras bem ditas.

Houve outras perguntas, e quando lhe diz que tem de se despir, ele levanta a blusa e diz: Ver o peu ("ver o pneu"), porque eu disse-lhe que a dra ía ver a sua barriga e ele nessa altura tinha apanhado uma conversa entre o pai e o avô, sobre quem tinha a maior barriga, a que eles se referiam, na brincadeira, como pneu. A criança nunca mais se esqueceu e achava muita piada a dizer que tinha o pneu cheio ou vazio.

Não preciso dizer que saiu outro franzir de sobrancelha, não é?

No final da consulta conclui-se que o rapaz está a crescer muito bem, sempre a mudar de percentil, é alto e magro, com tudo no lugar, mas com um grande atraso na fala. Portanto terapia da falar com ele, no mínimo 2 sessões por semana.

Era o diagnóstico que eu esperava, tinha plena consciência que aquela conversa dele não era suficiente para a idade.

Por mim, tinha saído de lá e tinha ido inscrevê-lo na terapia. Não foi o que fizemos, pois o meu marido não concordou e dizia que ele tinha o tempo dele, era preguiçoso e que devimos esperar até aos 4 anos. Eu achava que quanto mais cedo melhor e tinha receio que o facto de começar a falar bem muito tarde pudesse trazer outros problemas. Como não concordávamos, chegámos a um consenso, não iria na altura, mas também não seria daí a 6 meses. Portanto seria entre dezembro e janeiro.

Mas ainda em relação à consulta, o que posso dizer? Sim, eu concordei que o Gonçalo estava muito aquém do esperado para a idade em relação à fala. Mas não gostei de tanto franzir de sobrancelha. Não vejo qual era o problema do miúdo dizer que se chamava Sá Sá. Primeiro porque foi ele que começou a dizer que era o seu nome, depois hoje em dia a coisa que mais se houve são diminutivos: se um Francisco pode ser Kiko, ou uma Francisca Kika, se uma Leonor pode ser Nono, uma Vitória pode ser Vi, uma Bárbara pode ser Bá, porque é que um Gonçalo não pode ser Sá Sá? 

Ele não sabia dizer bem as cores, mas dizia sempre igual. Ou seja, ele estava a comunicar, estava a falar e reconhecia as cores, só não as pronunciava a todas corretamente. A questão do bolo pareceu-me desnecessária, porque houve ali alguma insistência. Ele tinha feito anos 5 meses antes, mesmo que houvesse bolo, era normal ele não se lembrar ou não se interessar. Na consulta toda eu nunca respondi por ele, aliás, é algo que tento não fazer e que me irrita quando fazem. Prefiro que ele diga mal, mas que fale, do que falar eu por ele.

Chegamos a dezembro o que acontece? O número de casos de Covid a aumentar exponencialmente ... chegamos a janeiro, entramos em confinamento. A terapia não era de todo prioridade. Ficámos em casa e o Gonçalo de repente começa a falar como gente grande.

Portanto, ao dia de hoje ainda não é um miúdo super explicado, ainda tem os seus momentos de mimo que falar à bebé (até gosta de dizer que é um bebé crescido), mas já fala muito, faz frases super completas e diz bastantes palavras muito bem ditas. Acho que está próximo do que é normal na sua idade. Já não diz que se chama Sa Sá, mas sim Gonçalo e no geral faz conversas muito bem feitas.

Por exemplo hoje, enquanto eu fazia o almoço perguntou-me: Mãe, posso ver a comida? Posso cozinhar contigo?

Quando ía com o pai para a avó, perguntou-me: Mãe, vens connosco?

Há tempos estava a ver um trator, disse: Isto é muito interessante!

Há uns dias estava sentado com a bisa e disse: Está aqui um inseto...é tão fofinho! (A bisa nem sabia o que era um inseto, fartou-se de rir).

São coisas normais para uma criança de 3 anos, quase 4, mas que surgiram de repente. 

Na consulta a Dra também perguntou se ele sabia contar até 5, e eu disse que não, mas que contava de 2 me 2 até 8. É um feito, não acham? Eu achava muita piada. 

E em relação a saber contar, houve um dia, já há 2 ou 3 meses, que eu estava na lavandaria e ele na cozinha a brincar com carrinhos. Ele não me via e estava distraído, quando começou a contar os carros. Contou até 13 e só se enganou no 11, que disse 9. Eu estava a ouvir e nem respirava para ver até onde ele conseguia contar. De vez em quando ainda gosta de contar 2,4,6,8, mas nós corrigimos e ele conta bem. Aliás, sempre que ele diz alguma coisa mal, nós corrigimos e sempre o fizemos. Nunca falámos com ele de miminhos, e sempre chamámos as coisas pelos nomes corretos. Nunca tivemos o hábito de dizer popó, memé, esse tipo de coisas. Ainda noto que não diz sempre o "l" ou o "r". Por exemplo, diz saua, em vez de sala, moangos, em vez de morangos (em tempos dizia muchichos, que era moranguinhos...).

Sinceramente já não estou preocupada. acredito que será tudo uma questão de tempo. O Gonçalo tem sido assim com tudo. Quando era mais pequeno e íamos ao parque, nunca queria subir o escorrega, apesar da minha insistência. Um dia chegámos ao parque (e que saudades de ir ao parque...) e ele sem ninguém lhe dizer nada começou a subir o escorrega maior, com a maior das tranquilidades. 

Quando fez 2 anos, comprámos-lhe uma bicicleta daquelas sem pedais, para eles aprenderem a equilibrar-se. Ele nunca se mostrou interessado, só brincava com a bicicleta para rodar a rodas. No ano passado, num belo dia do primeiro confinamento, aparece na cozinha de bicicleta e capacete na cabeça. Nunca mais a largou e adora andar de bicicleta. E como estes exemplos, tenho tantos outros. 

Já percebi que ele faz quando se sente seguro para fazer e que tem o seu tempo. Tal como todas as crianças! 

Acredito que no infantário vá evoluir muito. Ele gosta de aprender, e penso que com outras crianças vá desenvolver muito bem. Provavelmente começará a falar tudo corretamente. Caso isso não aconteça, a minha ideia é fazer terapia antes de iniciar o primeiro ciclo, até lá vou dar-lhe tempo.

Agora imaginem que ele teria ido para a terapia em janeiro. Começaria a falar bem e nós iriamos achar que a terapia teria sido um milagre. Claro que, possivelmente, nunca saberei, se tivesse ido, agora poderia estar mais avançado. Mas não sei... 

Falamos imenso da escolinha, ele diz muitas vezes que quer ir para a escola brincar com os meninos. Antes da pandemia brincava no parque com outras crianças, agora é impossível e vejo que ele sente fala. 

Os 4 anos estão próximos, ainda não marquei consultas nem vou marcar para já. Vou esperar mais uns meses. Veremos o que irão dizer as médicas (este ano temos de fazer com a médica de familia também), claro que nunca estará perfeito e que haverá sempre algo negativo a apontar. E isso chateia-me muito, porque o bom nunca é valorizado, insiste-se sempre no que não está "bem".

Típico do português...

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