sábado, 9 de outubro de 2021

LEITURAS 3° TRIMESTRE DE 2021

 


No 3° trimestre só li um livro dos que tinha escolhido para esta altura. Na verdade cheguei a meio de outro, mas quando voltar a esse, voltarei mesmo ao início e não onde parei. 

Tenho lido vários livros de desenvolvimento pessoal e estou um bocadinho cansada. Estou a precisar de outras leituras. Portanto o "Hábitos Atómicos" foi o livro que não me prendeu e acabou por ficar de lado.

Por outro lado, prendeu-me, e muito, o livro da Luisa Castel-Branco: "QUANDO ERA PEQUENINA". Adorei!

É um livro muito fácil de ler, fala da sua infância e adolescência, e conta vários episódios de época, que por uma razão ou outra a marcaram.

Sabem aqueles livros que nós gostamos muito e não queremos ler de uma assentada? Este foi assim. Li com muita calma, mas achei muito bom.

Muita coisa idêntica ao que a minha mãe conta. Coisas do tempo delas.

Houve três episódios que me marcaram mais.

 O primeiro foi a Luísa dizer que era (e é) dislexica e canhota. Há 60 anos não se sabia sequer da existência da dislexia e ser canhoto era algo proibido, portanto faziam-se as mais variadas atrocidades para as crianças não usarem o braço ou a mão esquerda. Então ela passava os dias com o braço esquerdo amarrado ao corpo, de modo a não mexê-lo, inclusive na hora do recreio. Brincava com o braço preso ao corpo. 

Só de imaginar fico de coração partido!

Depois gostei da parte em que contou quando de forma voluntária deu aulas a homens num bairro pobre, depois destes passarem o dia a trabalhar.

Estas aulas tinham o objetivo de os ajudar fazerem o exame da quarta classe, para poderem tirar a carta de condução.

 Dava aulas numa casa, ou barraca, sem revestimento no chão que quando chovia ficava cheia de lama e onde lidava com pessoas no limiar da pobreza. Passavam por muitas dificuldades, mas mesmo assim faziam um esforço imenso para conseguirem fazer um exame e tirar a carta de condução. 

Há ainda outro episódio que também me marcou e só de pensar na imagem, fico arrepiada. 

Quando ia de autocarro (não me recordo se era para o bairro onde dava as aulas ou outro local, e já não tenho o livro comigo para confirmar) havia uma zona em que a estrada ficava numa cota mais alta que a dos quintais, e todos os dias ela via uma menina presa pelo tornozelo com uma corrente, como se fosse um animal. E o engraçado, sem graça absolutamente nenhuma, é que um cão andava solto pelo quintal enquanto a menina estava presa. Hoje em dia ver um cão preso numa corrente já é triste, mas ver uma criança é impensável! E parecia algo normal na altura, pelo menos para algumas pessoas, já que nada se fazia!

Se querem o livro leve mas real, este é fantástico. Recomendo!

Adorei a escrita, a forma como numa estória entra outra. Se gostam de ouvir a Luísa Castel-Branco falar, devem gostar deste livro. Enquanto o lia, parecia que a ouvia a contar tudo.

Gostei muito e estou desejosa que saia o livro deste ano, que também pretendo oferecer à minha mãe no Natal!

Depois li outro livro, que não estava nos planos e que nada tem a ver com o tipo de livros que tenho lido.



"ESCREVER DIREITO POR LINHAS TORTAS"

É um livro para pais, professores e educadores e tem dicas, jogos, exercícios para ajudar jovens e crianças a escreverem bem. 

Trabalho, e tenho trabalhado ao longo dos últimos 8 anos, com muitas crianças e jovens, e alguns têm muitos problemas de escrita e interpretação. A maioria destes problemas vem da falta de interesse ( mas há outros um pouco mais graves). Lêem pouco, escrevem pouco, falam mal e escrevem como falam. O resultado muitas vezes são frases sem sentido e muitas vezes, quem escreveu nem percebe o que está mal! 

A má interpretação leva também a dificuldades na matemática, pois se não entendem o que lêem, dificilmente percebem o que lhes é pedido em certos exercícios. É um problema transversal a todas as disciplinas, na verdade. 

E muitas vezes é muito difícil motivar miúdos assim, porque não percebem as vantagens de se escrever e/ou ler bem e quanto mais se insiste, mais desinteresse ganham.

Portanto, ter outras ferramentas é sempre vatanjoso. Normalmente quando as coisas são feitas de forma lúdica, eles não dão por isso, mas aprendem muito!

Este livro é uma ajuda nesse sentido. Tem coisas simples que os pais podem fazer para ajudar os filhos no dia-a-dia.

Embora, e desculpem o desabafo, o desinteresse dos filhos, por norma também vem do desinteresse dos pais e é uma bola de neve!!!

Dito isto, posso dizer que neste trimestre li menos livros, mas fizeram-me bem. E isso é que interessa. Ler só por ler não me entusiasma!

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