terça-feira, 21 de dezembro de 2021

PROCURA E COMPRA DE CASA

 Já há algum tempo que faz parte dos meus planos, e do meu marido, comprarmos casa.

Vivemos numa casa arrendada e nunca tivemos problemas com isso. Mas de um tempo para cá que começámos a ver as coisas de forma diferente, e ter uma casa mesmo nossa parece-nos o caminho certo.

Pretendemos algo específico, o que tem dificultado um pouco a procura, mas no início deste ano apareceu uma casa que nos pareceu ser uma boa oportunidade.

Na altura fomos informados que havia alguma burocracia a ser tratada, o que poderia levar um tempo (para além das limpezas, etc), mas que assim que tudo estivesse em ordem, poderiamos ver a casa (só conheciamos por fora) e saber de mais pormenores. 

Esperámos 6 meses. Nestes 6 meses fomos vendo outras casas, procurando, mas aquela era, dentro do que íamos vendo, a que mais respondia às nossas necessidades. 

Até que nos finais de julho fomos conhecer a casa e saber do valor de venda.

Nós procuramos algo com as seguintes características:

- Moradia com quintal,

- Área entre 130m2 e 180m2,

- Anexo e garagem, ou possibilidade de construção. 

- Preferencialmente na zona onde vivemos, de forma a ter a possibilidade de fazer também o meu local de trabalho. 

Temos o valor máximo que conseguimos de empréstimo bancário, mas parece-nos um valor muito acima do que conseguiriamos pagar em termos de prestação de forma tranquila, afinal nós comemos e temos outras necessidades para além de uma habitação! Portanto criámos um teto máximo que nos parece confortável e viável. 

Vimos a casa, que tem uma área agradável para nós, e tem anexos que nos permitiam ter então o meu local de trabalho e outro anexo para as tralhas do meu marido. Tem um pequeno quintal e é na zona onde vivemos.

Apesar destes pontos positivos, tem alguns negativos. É uma casa com 30 anos que nunca teve obras de melhoramento, portanto tem uma cozinha antiga e feia, uma casa de banho horrível, o chão é feio, as janelas são do mais fraquinho que há, ou seja, não tem acabamentos de qualidade nem bonitos. E a casa não é nada bonita... 

O que para nós não representa um problema, pois desde que iniciámos esta procura que pensamos que será um projeto a longo prazo. E com bom gosto, o feio torna-se bonito. Para nós ou é isto, ou comprar uma casa novinha em folha, se ganharmos o euro milhões porque aqui está tudo pela hora da morte!!!

Sem bons acabamentos, há uma desvalorização da casa.

Bem, vimos a casa e ouvimos o valor da venda. O valor foi calculado como? Com base no que o vizinho vendeu, porque as casas são do mesmo ano (não interessa se a outra é de longe muito melhor), e no facto da casa ter sido construida pelos pais, com grande sacrifícios.

O valor pareceu-nos logo absurdo, extremamente alto, mas mesmo assim estava dentro do valor que conseguiríamos de crédito bancário, portanto avançámos com o pedido de avaliação da casa.

Não tinhamos muito a fazer. Só iríamos fazer uma proposta sabendo exatamente o valor da casa, e sem uma avaliação do nosso banco também não poderíamos de forma nenhuma ter acesso a um crédito, portanto avançámos. 

Aqui começaram logo os problemas. Afinal a burocracia que tinha sido tratada, não tinha realmente sido. Portanto não havia documentação para nós tratarmos do pedido de avaliação no banco.

Nesta altura já se percebia que não havia informação nenhuma, as senhoras não faziam ideia do que envolvia vender uma casa e do que precisavam tratar. Achavam que bastava pedir um valor calculado em cima do joelho e pronto.

Passadas umas semanas, lá tivemos os documentos, pedimos a avaliação e por sorte deram-nos a avaliação ainda antes de termos os documentos todos. 

O valor da avaliação estava muito abaixo do valor pedido, cerca de 30 mil euros mais baixo. Mas confesso que ainda foi acima do que eu esperava, tendo em conta o valor do m2 nesta zona e tendo em conta também, que os anexos não estavam legalizados, logo não entrariam na avaliação (era como se não existissem).

Fizemos a nossa proposta acima do valor da avaliação cerca de 2000 euros. 

O negócio foi sendo feito de que forma? Eu ligava para a irmã mais velha, esta depois ligava à irmã mais nova para decidirem e nós ficavamos uma eternidade à espera de resposta.

Portanto, nunca houve uma reunião connosco e com as duas herdeiras da casa, nunca houve uma conversa entre todos, o que a meu ver, dificultava as coisas. Além de me dar ideia de falta de interesse e de seriedade. Afinal, queriam ou não vender a casa?

Quando fizemos a proposta, ficámos mais de uma semana à espera de resposta. E nada. Eu tive de ligar para saber.

Recusaram a nossa proposta, só aceitavam por mais 10 mil euros.

E 10 mil euros no meio de tantos mil euros, parece pouco. "Ah, são só mais 10 mil euros!" Mas na verdade nós não tinhamos nem nais um cêntimo para oferecer.

Quando se compra uma casa, há uma série de documentação a tratar e a pagar. E é tudo aos milhares. Além de ser necessário ter uma percentagem do valor da compra, que no nosso caso seria 10% já que conseguiamos 90% de crédito (hoje em dia os bancos já não fazem créditos pessoais para estes casos, os compradores têm de ter pelo menos 10%, mas dependendo do banco, pode ir até aos 20%), ainda é necessário o valor da escritura, do notário, IMT (imposto municipal sobre transações), imposto de selo...

Todos estes valores vão aumentando consoante o valor da compra. Portanto, uma casa de 120 mil paga menos destas coisas que uma de 200 mil. E como disse, são diferenças de milhares, nunca são pequenas quantias. 

Para terem uma ideia, numa casa de 180 mil o imt e o is ficam cerca de 5 mil euros, numa casa de 200 mil já ficam cerca de 6500. Fora o resto...

Estava completamente fora de hipótese fazermos outro crédito (crédito pessoal, neste caso) para conseguirmos estes valores, até porque a casa precisava de obras e tudo mais. Mesmo que optassemos por fazer o mínimo dos mínimos em termos de obras, esse mínimo já era uma bela despesa. 

Bastou-nos fazer as contas, por alto, para decidirmos que não nos era possível oferecer mais, pois só viamos o bolo a aumentar. 

Ficámos um pouco tristes, mas por outro lado tranquilos. Tínhamos feito o que estava ao nosso alcance. Nunca foi nosso objetivo ir além das nossas possibilidades, portanto demos o salto possível para as nossas pernas. Não foi o suficiente, paciência. 

Mas passaram-se 2 ou 3 meses e continuavamos a ver a casa fechada e sem movimento. Não nos parecia que tivesse sido vendida, portanto eu enviei um sms a dizer que caso não tivessem vendido a casa, que a nossa proposta se mantinha. E que se decidicem rapidamente, faríamos logo negócio. Ou seja, deixei claro que se era para aceitarem, que tinha de ser rápido, pois não estariamos eternamente à espera.

A resposta foi muito animadora. Não, não tinham vendido, não tinham mostrado a casa a mais ninguém e que eu tinha feito bem em dizer que continuavamos interessados. 

Ora bem, obviamente com uma resposta destas ficámos a pensar que a coisa poderia ter outro desfecho, não é?

Não, não é. Porque desde esse dia, nuuuunnnnca mais nos disseram nada. Nada. Nem um sms a dizer "esqueçam". E à medida que o tempo foi passando, aqui a vossa amiga começou a pensar: 

"Vão b@#$% m$@r&a... parecem putos, que não querem os brinquedos, mas também não os dão a ninguém!"

A ideia que me deu foi que uma vez que viram que tínhamos mesmo interesse, era vantajoso terem-nos em espera. Caso aparecesse alguém a dar mais, davam-nos um xuto no rabo, caso não aparecesse, nós ficaríamos com a casa. Devia ser esta a ideia.

Claro que nós não iriamos ficar eternamente à espera, mesmo que não encontrassemos outra casa entretanto. Tudo tem o seu tempo, e com esta postura, nós começámos a perder o interesse.

Os negócios não se fazem assim. Tem de haver seriedade de parte a parte, e a partir de uma dada altura, achei que só havia da nossa parte.

O que tem de ser tem muita força! E agora nós pensamos que o que oferecemos até era demais. Ouvem-se boatos pelo bairro (e este bairro tem cada boato que até entristece...) que a casa já foi vendida por uma exorbitância, por um valor ainda superior ao que era pedido (o que acho estranho...)! Não sei se é verdade ou não! Se for, quem vendeu fez um excelente negócio, quem comprou... deve ter muito dinheiro, portanto também fez bem!

Temos pena de termos perdido tempo, de termos gasto dinheiro numa avaliação (que nunca lhes mostrei, nem disse o valor exato, obviamente), mas por outro lado se não o tivessemos feito nunca saberíamos e iríamos ficar a pensar nisso o resto da vida. Portanto estamos tranquilos! O que é nosso há-de chegar.

De momento não temos nada em vista, nem nada em mente. 

É possível que tenhamos de alargar a nossa procura, sair daqui da zona, não sei. E como neste momento não sabemos muito bem o caminho a seguir, estamos um pouco parados. 

Com isto tudo, nós saímos da nossa zona de conforto. Mudámos de Banco, conhecemos pessoas que nos ajudaram a perceber como funcionam uma série de coisas no que toca à compra de imóveis, e mesmo sem casa à vista, estamos um passo à frente do que estávamos há um ano. Tudo serve de aprendizagem!

Houve uma fase em que acreditei mesmo que iríamos comprar aquela casa. Tínhamos imensos planos, mas a vida é mesmo assim. E mais uma vez, a vida mostra-nos que já tem planos para nós. Podemos não perceber já quais são, qual será o desfecho ou a solução para o nosso problema, mas iremos perceber.

Tudo a seu tempo! 🙏


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