quinta-feira, 20 de julho de 2023

ESCOLA E DESENVOLVIMENTO - 6

 (Post escrito no final de maio de 2023)

Há um tempo, não sei quanto, começaram a treinar miudos da faixa etária do Gonçalo, aqui no clube da nossa santa terrinha.

Os envolvidos falaram com o meu marido para colocar o Gonçalo a treinar, mas como é hábito do Gonçalo não se interessar por novidades, o meu marido não o levou.

Até que o sr. voltou a falar do assunto comigo e eu disse que iríamos assistir a um treino para o Gonçalo decidir se queria entrar ou não. 

O assunto virou tema aqui em casa e eu e o meu marido tinhamos teorias muito diferentes. 

O meu marido que adora futebol, que jogou em miúdo, e que saiu (os pais tiraram-no) do futebol porque não tinha notas decentes na escola, acha que o Gonçalo não tem aptidão para futebolista. A juntar a esta opinião, ainda achava que seria difícil para ele acatar ordens, cumprir regras e estar 1 hora concentrado a jogar/treinar futebol. 

Por outro lado, eu, que não me interesso minimamente por futebol, que nunca pensei em colocar o meu filho neste desporto, a não ser que ele quisesse e gostasse muito, achava que tudo o que ele precisava neste momento era de praticar um desporto em equipa, para adquirir regras, hábitos e uma disciplina diferente da que tem em casa e na escola. A juntar a isso tínhamos o facto da socialização, que irá ser afetada com as férias do Verão, já que não temos muitas crianças da sua idade para uma brincadeira regular, e o treino ser ao lado de casa, nem precisamos de sair de carro e ainda por cima ser totalmente gratuito, não me deixava dúvidas que era um bom caminho a seguir, pelo menos para já.

Chegado o dia do treino lá fui eu com o Gonçalo. O treino já estava a meio e o meu filho não parou de me perguntar quando é que podia jogar. Falei com um dos treinadores que o levou de imediato e começaram a aquecer. Entretanto foram jogar, dividiram os miúdos em 2 equipas e lá foi o Gonçalo super satisfeito.

Vê-lo noutro ambiente fez-me ver outras coisas e o que salta à vista é a dificuldade em concentrar-se. Distrai-se com a própria sombra, com o carro que passa na estrada... Sempre que era chamado, fazia o que mandavam, mas passou grande parte do tempo a rebolar-se na relva...

Terminaram o jogo, foram alongar comandados por um dos meninos, ele fez tudo e depois queria ficar a brincar com os novos amigos. Gostou. Gostou muito! Por isso falei com o treinador e expliquei o porquê de estarmos ali.

Não é nossa intenção torná-lo jogador de futebol, vemos que não tem grande jeito, nem se interessa particularmente, mas queremos que pratique um desporto em equipa para ganhar outra disciplina. Expliquei que existe uma grande dificuldade em concentrar-se em coisas que não domina, e que a probabilidade de ter défice de atenção é grande, apesar de ainda não termos um diagnóstico.

O treinador mostrou-se compreensivo e disse que ia preparar exercícios que o ajudassem a concentrar. 

Dois dias depois voltámos. 

Estavam mais crianças, apenas 1 treinador e o Gonçalo passou o tempo a brincar. Eu tinha de chamá-lo e mandá-lo fazer os exercícios, e o treinador quando se apercebia também o chamava e orientava.

Ele tem vontade e isso já é meio caminho andado. Gosta de correr e isso poderá ser uma vantagem. Desconcentra-se com facilidade. Será que o facto de ser novidade contribui para a distração, já que é muita coisa nova a acontecer ao mesmo tempo? Ou será que vai ser sempre assim?

Não sei e só o tempo o dirá. O caminho faz-se caminhando!

O que eu não quero fazer é empurrar o problema com a barriga, é fazer de conta que não se passa nada e achar que isto com o tempo passa. Não sei se passa ou se piora... E se piorar porque não fizemos nada? Acredito que esta experiência trará vantagens ao desenvolvimento do Gonçalo.

Mesmo na família próxima, há muito a questão "mas ele é inteligente", e é. E ninguém dúvida disso. O problema não é ele não aprender, ou não perceber, o problema é ele não conseguir concentrar-se tempo suficiente e não se interessar em aprender coisas fora dos seus interesses.

E só o conseguiremos ajudar se tivermos consciência do que se passa. Se o mantivermos na sua, e na nossa, zona de conforto, dificilmente evoluirá, tal como todos nós.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sem comentários:

Enviar um comentário