sábado, 9 de setembro de 2023

ESCOLA E DESENVOLVIMENTO - 10

 (Post escrito há uns dias) 

Hoje foi um dia turbulento. 

O Gonçalo acordou rabugento, coisa que não é habitual, e deu-me cabo do juízo durante boa parte da manhã. 

Fez uma grande birra porque não queria fazer xixi, e passou muito tempo a resmungar e gritar.

Eu, que dormi muito mal e passei a noite a ir da minha cama para a dele e vice-versa, até mantive a calma, mas tive momentos de pensar em fugir.

No meio de tanto grito, veio-me à memória as birras dele na escola e abateu-se-me um certo desespero.

A consulta de desenvolvimento não será antes de Outubro, mas ainda não sei a data. Enviei email à pediatra de desenvolvimento com os últimos exames há uma semana e ainda não obtive resposta. Ela não costuma demorar, mas acredito que tenha muitos email's para responder, por causa das férias. 

E com tudo isto lembrei-me que o Gonçalo vai voltar à escola sem um diagnóstico e sem um tratamento. 

Não sei se a educadora será a mesma ou não, e dou por mim também a pensar que se for outra educadora, que seja alguém capaz de lidar com o meu filho, porque muito sinceramente, tenho medo que não seja.

Nestes momentos de lucidez, ou falta dela, nem sei, fico um bocadinho ansiosa... mas consegui respirar fundo e voltar a mim!

Sugeri ao Gonçalo um banho para acalmar e ele aceitou. O banho sempre funcionou com ele e realmente acalmou! Passou o resto da manhã a brincar e decidiu que não queria ir para a avó, que preferia ir comigo para a explicação. 

E assim foi! Ele sabe que a ir, que tem de trabalhar e que os meninos/as não vão brincar com ele, pois vamos todos trabalhar.

Levei umas fichas e, de novo, ele embirrou que não ia fazer nada, porque dava muito trabalho. Insistiu que não queria fazer, que dava trabalho, que não gostava, levantava-se dá cadeira, corria pela sala... Foi um 31 e eu tentava manter a calma e explicar-lhe a importância de trabalhar um pouco, por um lado pensava em desistir, por outro sabia que não podia fazê-lo pois numa próxima seria ainda pior. 

No meio da agitação é dos meus 500 pensamentos ao mesmo tempo, tive assim uma especie de flash onde me vi a lidar com estas birras com outros miúdos e que eu achei que eram mal educados e mimados...e agora a ver o meu filho a fazer bem pior que os outros...

Foi difícil, mas lá consegui que se sentasse e trabalhasse. A primeira ficha era de grafismos e ele fez tudo aldrabado... a segunda era para ligar, ja foi mais tranquilo,  a terceira também achou piada e apesar de ter feito algumas coisas mal lá se safou.

Mas no geral foi tudo a despachar, sempre a reclamar e a lamuriar-se que era difícil e que dava muito trabalho. 

Pensei para mim: eu vou saber lidar com isto, com esta falta de vontade? Quando ele for para a escola "a sério", eu terei paciência para o ajudar nos trabalhos, nos estudos, etc?

Mas de repente pensei: claro que sim. Respira fundo, alimenta-te bem, dorme, pratica exercício, medita, para estares bem e forte... reza, pede ajuda a Deus, ao Universo, pede ajuda a médicos e terapeutas e enfrenta a fera de frente. É o meu filho, vou até ao fim do mundo para ajudá-lo! Ele tem algo, e esse algo é para a vida. Nós temos de orientá-lo, de lhe dar ferramentas para lidar com o problema que tem, para lidar com a sociedade que acha que isto são modas, mas nunca, nunca podemos desistir. Nunca podemos empurrar com a barriga e pensar que não é problema nosso, ou que isto com a idade passará. 

Apesar de não termos ainda diagnóstico, eu tenho um grande feeling do que é. E é daquelas coisas, não é grave (ninguém morre por isso) mas não pode ser desvalorizado nem ignorado. 

Por um lado sinto-me esperançosa porque sei que estamos a ser bem acompanhados, mas há alturas em que sinto um friozinho no estômago e surgem várias preocupações. 

Sei que de nada me adianta preocupar com o que nem sei se vai acontecer, mas acho que isso é ter consciência da realidade. 

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