Ontem foi dia de consulta de neurodesenvolvimento, e será a última deste ano.
São consultas de rotina, importantes para se perceber o desenvolvimento e desempenho do Gonçalo.
Foi a primeira consulta desde que entrou no 1°ano e eu já ía preparada para a alteração da dose da medicação do Gonçalo.
Como eu tenho partilhado, o Gonçalo tem tido algumas dificuldades no seu desempenho, pois perde o foco com facilidade e por isso não acompanha o ritmo da turma.
Todos os dias traz trabalhos de casa e há dias em que é muito difícil ele estar sentado e concentrado.
O efeito da medicação é pequeno, cerca de 4 horas, portanto fazer trabalhos às 19h, e alguns dias ainda depois de jantar, é uma tarefa complicada pois já não temos a ajuda da medicação.
A Dra pediu-lhe para escrever o nome, para dizer o nome das letras, e para fazer umas continhas (soma e subtração). Ele fez tudo, mas parava com frequência e ficava a olhar para a janela, ou para outro local.
Com isto, com o relatório da terapeuta e com o que transmiti das professoras (titular e ensino especial), a Dra disse que a medicação já estava super desajustada e que ele já estava com um tempo de atenção muito curto. A solução será aumentar a dose.
Além disso, vai passar a fazer medicação de manhã e ao almoço, para que consiga estar concentrado na parte da tarde e ainda na hora dos trabalhos de casa.
A medicação da hora de almoço terá de ser tomada na escola e isso requer toda uma nova logística, pois tenho de mandar a medicação e a professora tem de lha dar.
É também uma nova responsabilidade para ela e sei que isso não é fácil!
Ontem expliquei ao Gonçalo esta nova rotina e ele não aceitou nada bem. Não quer tomar na escola, não quer que os colegas vejam e que depois gozem com ele.
Com muita insistência do pai, lá confessou que há um colega, também Gonçalo, que goza com ele porque ele demora a fazer as coisas.
A solução do meu marido é muito simples: "se ele goza contigo, goza também com ele. Diz-lhe que ele é rápido mas é aldrabão."
Ao que o Gonçalo respondeu: "não posso gozar porque depois também fico de castigo e a professora ralha."
Então eu disse-lhe: "não gozes filho, se alguém gozar tu dizes 'e o que é que tens a ver com isso? Mete-te na tua vida.' Pronto, não gozas mas também não ficas calado."
É algo que ele precisa de trabalhar, por um lado tem de aprender a desvalorizar, mas também precisa de ter a resposta na ponta da língua. Nestas coisas não é como o pai e a mãe, eu tinha reposta para tudo e sabia ignorar e o meu marido quando não tinha resposta, batia! Eu sei que não é o melhor, mas ninguém levava desaforos para casa.
O pior é que ele fica triste e depois começa a ficar ansioso e a achar que não consegue fazer as coisas.
Agora resta-nos dar tempo para a medicação começar a fazer o efeito desejado e ver se faz ou não diferença.
Claro que acredito que fará diferença, basta pensar na diferença que fez quando começou a tomar. Ele mudou completamente e evoluiu muito, portanto agora acredito que vá acontecer o mesmo.
Acredito muito nas capacidades do meu filho e sei que temos um bom acompanhamento, e que tudo junto fará diferença!
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