sexta-feira, 8 de novembro de 2024

PHDA E PEA - MAIS DRAMAS

 Vão buscar um chá, ou um cafézinho, sentem-se e acompanhem-me com calma, porque para nervosa basto eu.

Isto não anda fácil...

Ora bem, hoje foi dia de ir eu buscar o Gonçalo à escola. Estou eu à espera ao portão, quando vem um colega do Gonçalo (que é mais velho, irmão de um colega que vem desde a pré, e que foi um miúdo que eu gostei desde o primeiro dia que o vi) chamar-me.

- Mãe do Gonçalo, mãe do Gonçalo, podes chegar aqui à rede. Olha, anda um colega nosso a gozar com o Gonçalo...

Bem, resumindo, o Gonçalo vai à casa-de-banho e põe as calças e os boxers para baixo, não se importando que os colegas os vejam despido.

O outro menino, já mais velho e saído da casca, acha muita piada meter-se com ele.

Enquanto o S. me contava pormenores do acontecido, chegaram-se outros miúdos à rede, onde um da idade do Gonçalo me disse: O L. goza com todos, ele porta-se muito mal e é muito saído da casca.

Nisto resolveram ir todos chamar o colega mal comportado e o Gonçalo chega ao pé de mim.

O miúdo lá veio de rabinho entre as pernas e eu quando o vi percebi logo o porquê de dizerem que ele é saído da casca. É daqueles miúdos que vemos logo que é reguila, mal comportado, foi dos que percebi no dia em que estive na sala, que se achava engraçadinho, enfim...

Ele aproximou-se, mas ficou desviado, como se tivesse receio que eu lhe fizesse alguma coisa.

Eu chamei-o e, não sei como mantive a calma, mas falei com ele tranquilamente e disse-lhe que se repetisse ia falar com os pais.

Estavam vários pais ao portão, não vi ninguém que pudesse estar à espera do miúdo, outras pessoas aperceberam-se da conversa e a auxiliar que estava ao portão ouviu tudo.

No caminho para o carro disse pela milésima vez ao Gonçalo que não tem de se despir todo, e que os colegas não têm de o ver praticamente nu. 

Tem sido uma luta com isto. Em casa ele chega a despir as calças para fazer o cocozito descansado. 

Já no carro, com aquela conversa toda, perguntei-lhe o que tinham feito nas aecs, e ele disse que os amigos jogaram um jogo e ele brincou com não sei o quê. Aqui já tinha deixado de ouvir...

- E porque é que não jogaste também?

- Quis brincar, e tu sabes que sou um menino especial, mãe...

O quê? Outra vez esta conversa? Mas sou eu que sou maluca por não achar isto normal?

Já me bastou a primeira educadora com esta lengalenga, agora volta a acontecer?

- Mas quem é que disse que és um menino especial?

- São os meus amigos, mamã! - diz ele cheio de orgulho.

- Oh filho, tu não és um menino especial. Todos nós somos especiais, poque temos as nossas particularidades... tu tens PHDA, és diferente deles por isso, porque nenhum tem, mas não és especial!

- Mas porque é que não posso ser especial?!

E pronto, para ele ser especial só traz vantagens: é especial, logo pode não fazer o que tem para fazer! 

Os amigos fazem a conversa porque vem de alguém, e quem será?

Acreditem que eu acho que a intenção é boa e que a pessoa só não sabe escolher bem as palavras, nem percebe o peso que elas têm, mas não é bom! É prejurativo! 

E agora o que é que eu faço? É que eu já não sei, tenho de arranjar aqui uma forma de lidar com isto, porque de certeza vai acontecer muitas vezes. 

Assim de repente só me apetece disparatar, mas claro que não vou fazer isso... a minha boa educação não o permite!!! Maldita boa educação!

Mas também não posso fazer de conta que não se passa nada. Ao que parece há outro miúdo que também se arma em engraçado, mas esse eu conheço a mãe e tenciono falar com ela. 

No entanto tenho de falar com a professora. Ainda há duas semanas falei com ela porque outros dois, lhe bateram no recreio. Parece-me que não foi grave, e entretanto não se repetiu. Mas esses são da idade dele, e há ali um contexto de brincadeiras de lutas que se descontrolam. Claro que não gosto, mas o caso de hoje ser com miúdos mais velhos e mais astutos, preocupa-me... e irrita-me! 

Depois há também a questão do Gonçalo não ver mal, levar na brincadeira. Como se riem, ele acha que não tem mal nenhum e isso é muito grave. 

Claro que não posso, nem consigo, ficar impávida e serena!

Pensando a longo prazo, por um lado eu tenho de aprender a lidar com estas questões, porque fico demasiado enervada e angustiada. Depois, temos de dar ferramentas ao Gonçalo para se defender de várias formas, fisicamente, verbalmente e até em ter uma voz, em fazer-se ouvir, não ter receio de contar a um adulto, de fazer queixas... ele tem muito receio de ficar de castigo se fizer queixas. 

Enfim, há aqui muita coisa a ser trabalhada. Não sei bem como, ainda, mas lá chegarei.

Amanhã, por acaso, é a festa de aniversário do amigo que veio contar-me o sucedido. 

Vou ficar por lá um pouco para fazer as minhas averiguações.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

PHDA E PEA - ÚLTIMA CONSULTA DO ANO

 Ontem foi dia de consulta de neurodesenvolvimento, e será a última deste ano.

São consultas de rotina, importantes para se perceber o desenvolvimento e desempenho do Gonçalo. 

Foi a primeira consulta desde que entrou no 1°ano e eu já ía preparada para a alteração da dose da medicação do Gonçalo. 

Como eu tenho partilhado, o Gonçalo tem tido algumas dificuldades no seu desempenho, pois perde o foco com facilidade e por isso não acompanha o ritmo da turma. 

Todos os dias traz trabalhos de casa e há dias em que é muito difícil ele estar sentado e concentrado.

O efeito da medicação é pequeno, cerca de 4 horas, portanto fazer trabalhos às 19h, e alguns dias ainda depois de jantar, é uma tarefa complicada pois já não temos a ajuda da medicação. 

A Dra pediu-lhe para escrever o nome, para dizer o nome das letras, e para fazer umas continhas (soma e subtração). Ele fez tudo, mas parava com frequência e ficava a olhar para a janela, ou para outro local.

Com isto, com o relatório da terapeuta e com o que transmiti das professoras (titular e ensino especial), a Dra disse que a medicação já estava super desajustada e que ele já estava com um tempo de atenção muito curto. A solução será aumentar a dose.

Além disso, vai passar a fazer medicação de manhã e ao almoço, para que consiga estar concentrado na parte da tarde e ainda na hora dos trabalhos de casa.

A medicação da hora de almoço terá de ser tomada na escola e isso requer toda uma nova logística, pois tenho de mandar a medicação e a professora tem de lha dar.

É também uma nova responsabilidade para ela e sei que isso não é fácil! 

Ontem expliquei ao Gonçalo esta nova rotina e ele não aceitou nada bem. Não quer tomar na escola, não quer que os colegas vejam e que depois gozem com ele.

Com muita insistência do pai, lá confessou que há um colega, também Gonçalo, que goza com ele porque ele demora a fazer as coisas.

A solução do meu marido é muito simples: "se ele goza contigo, goza também com ele. Diz-lhe que ele é rápido mas é aldrabão."

Ao que o Gonçalo respondeu: "não posso gozar porque depois também fico de castigo e a professora ralha."

Então eu disse-lhe: "não gozes filho, se alguém gozar tu dizes 'e o que é que tens a ver com isso? Mete-te na tua vida.' Pronto, não gozas mas também não ficas calado."

É algo que ele precisa de trabalhar, por um lado tem de aprender a desvalorizar, mas também precisa de ter a resposta na ponta da língua. Nestas coisas não é como o pai e a mãe, eu tinha reposta para tudo e sabia ignorar e o meu marido quando não tinha resposta, batia! Eu sei que não é o melhor, mas ninguém levava desaforos para casa.

O pior é que ele fica triste e depois começa a ficar ansioso e a achar que não consegue fazer as coisas.

Agora resta-nos dar tempo para a medicação começar a fazer o efeito desejado e ver se faz ou não diferença. 

Claro que acredito que fará diferença, basta pensar na diferença que fez quando começou a tomar. Ele mudou completamente e evoluiu muito, portanto agora acredito que vá acontecer o mesmo.

Acredito muito nas capacidades do meu filho e sei que temos um bom acompanhamento, e que tudo junto fará diferença!



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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

ROTINA MÍNIMA NOTURNA

 Já falei da minha rotina mínima matinal, porque não falar também da noturna?

Há passos mínimos para ir dormir descansada, que afinal de contas não são nada de extraordinário, mas fazem parte de todas as minhas noites. 

A rotina da noite começa depois de jantarmos e tratarmos da cozinha, loiça, etc, e trabalhos de casa, quando há. 

Gosto de me esticar um pouco no sofá depois disto e normalmente estamos os 3 sempre um bocadinho na ronha.

Gostamos de ver o Joker com o Vasco Palmeirim, mas eu também vou vendo uns vídeos no telemóvel. 

Eu sei que não é o melhor, mas é aquela fase do dia em que já não me apetece pensar e uns vídeos caem sempre bem.

Meia hora, 45 minutos depois vou preparar as camas para dormirmos e aproveito para arrumar alguma coisa que esteja fora do lugar.

Separo a roupa que vamos vestir de manhã.

Verifico a mochila do Gonçalo para ver se não falta nada e vou tratar da minha skincare noturna, que demora um bocadinho. Lavo os dentes, ponho creme nas mãos e vaselina nos lábios. 

Entretanto o Gonçalo vai lavar os dentinhos e eu dou uma limpeza superficial na casa-de-banho. 

Passo umas toalhitas na sanita, na parede à volta e no chão ao redor da sanita (mães de meninos devem compreender-me).

Passo também um pouco de papel higiénico no lavatório e bancada, para secar. Não demora muito tempo, não é uma limpeza, mas é um cuidado que faz diferença

Se houver roupa para lavar, coloco na máquina. 

Chega a hora do Gonçalo ir dormir e eu deito-me sempre com ele. Felizmente ele adormece rápido e das duas uma, ou vou um pouco para o sofá, onde costumo adormecer minutos depois ou vou para a cama.

Às vezes, medito. Mas não é sempre, portanto não faz parte da rotina.

Em tempos lia umas páginas de um livro, neste momento não o faço, portanto também não incluo na rotina mínima. 

Às vezes também faço uns alongamentos ligeiros, mas infelizmente, também não é sempre, logo não é rotina.

Tal como na rotina matinal tenho hábitos que pretendo incluir, também na rotina noturna pretendo fazer algumas mudanças. 

Mas para já é isto, é básico mas bem feito e feito com regularidade traz benefícios e funciona na minha pessoa! 

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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

ROTINA MÍNIMA MATINAL

 Entre fazer o básico bem feito, entre ter o mínimo diário sempre feito, há algo que faz toda a diferença no meus dias: a minha rotina matinal, que no caso, chamo de rotina mínima matinal!

É o mínimo que quero e preciso de fazer de manhã, que vai fazer toda a diferença no decorrer do dia. 

Sou a primeira a levantar-se cá em casa, e por muito cansada que esteja, levanto-me no máximo 5 minutos depois do despertador tocar, por volta das 7 horas.

Vou imediatamente tomar banho e é aqui que tudo começa.

Se me levantar mais tarde, não tenho tempo de fazer tudo o que é importante para mim.

O facto de termos apenas uma casa-de-banho obriga-nos a gerir bem o tempo, por isso, gosto de me preparar antes de todos.

Tomo banho/duche. Nos dias em que lavo o cabelo demoro um pouco mais, mas basicamente tomo banho, trato da pele, do cabelo e maquilho-me.

Fico descansada, sem me stressar por alguém precisar da casa-de-banho antes de estar pronta, e tenho um tempinho para mim, algo que valorizo muito.

Antes de ter esta rotina mínima, tinha dias de não conseguir maquilhar-me, ou de nem ter tempo de me ver bem ao espelho antes de sair de casa.

Não gostava dessa correria, ficava logo irritada de manhã, não me sentia bonita, sentia-me descuidada.

Assim que termino de me maquilhar, vou abrir as janelas, acordo o Gonçalo caso ele não tenha ainda acordado e vou tratar dos pequenos almoços e lanches. 

A roupa costuma estar arrumada, e normalmente à noite penso no que vamos vestir.

Entretanto o meu marido já se despachou e saiu de casa, e aí vai o Gonçalo despachar-se para a casa-de-banho.

Enquanto ele lava os dentes eu visto-me, depois dou-lhe o comprimido, pomos perfume, ultkmos retoques necessários e saímos de casa.

Desde que me levanto, até sairmos de casa, passam-se 1h45m.

Neste tempo, trato da minha higiene e aparência, trato de pequenos-almoços e lanches, coloco roupas a lavar se for necessário, destino o que vai ser o almoço e deixo a casa minimamente em ordem, enquanto apresso uma criança para se despachar. Às vezes até consigo fazer a cama da criança. 

Fazemos uma viagem de 7 km descansados, sem stress, ouvimos o Homem que mordeu o cão na Rádio Comercial e chegamos à escola a tempo do Gonçalo ainda brincar um pouco antes de entrar para a sala.

Regresso, consigo beber um cafézinho e ir trabalhar. Tudo com tempo!

De momento esta é a minha rotina mínima matinal, mas tenho outros objetivos. Quero fazer outras coisas de manhã. Mas tudo tem o seu tempo. Há um ano a minha rotina não era assim, apesar de ser idêntica, era inconstante. 

Agora que já tenho aqui alguma regularidade e que já percebi os benefícios de ter tempo para estas coisas, posso começar a pensar noutras tarefas na minha rotina mínima!


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