sábado, 16 de março de 2024

PHDA - PORQUÊ MEDICAR?

 O assunto da medicação na PHDA, ou na PEA, ou noutra perturbação qualquer, é muito controverso.

Há uma espécie de estigma em relação a este assunto e há muita, muita, muita desinformação. 

Também quero falar sobre isso, mas ficará para outro post, para não tornar este aiiiinnnda maior (como se eu escrevesse posts pequenos...).

A opção de medicar ou não, é pessoal, cada caso é um caso e cada família/médico deve fazer as suas opções em consciência tendo em conta a criança (vou focar-me nas crianças, os casos em adultos envolvem outras condicionantes).

No início, quando começámos as consultas de desenvolvimento, eu tinha as minhas reservas relativamente à medicação. Estava pouco informada sobre o assunto e tinha muito na cabeça as questões que costumam ser levantadas nesta fase: a criança fica drogada, fica apática, as crianças precisam do seu tempo, as crianças precisam de movimento, de correr e de brincar, etc.

Mas na altura da avaliação de pré-requisitos percebi a dificuldade que o Gonçalo tinha em estar concentrado, nem que fossem 10 minutos seguidos. Ele não conseguia estar quieto, concentrado e a fazer um simples exercício. Precisava de ajuda constante. Constante mesmo, eu, ou a terapeuta, tinhamos de repetir várias vezes a mesma coisa, pedir-lhe para sossegar, e ajudá-lo com coisas mínimas, porque a concentração era pouquíssima. 

Agora imaginemos este panorama numa sala de aula. 

Qual é o professor que tem disponibilidade para estar sentado com uma criança a ajuda-la em tuuuuudo? 

Qual é a criança que nestes termos vai memorizar alguma coisa? 

Qual é a criança que vai gostar da escola com um dia-a-dia assim? 

Qual é a criança que vai achar que tem capacidades para aprender, para fixar e para ser bom aluno? 

Qual é a criança que vai conseguir estudar em casa sem ajuda? 

Qual é a criança que vai conseguir fixar matéria para um teste? 

Qual é a criança que não vai achar-se menos capaz do que os colegas percebendo que tem de ter ajuda para tudo?

Digam-me. O que acham que acontece com as crianças que simplesmente não se concentram e que precisam de correr para se acalmarem? 

Eu digo-vos o que acho, e o que sei que acontece em muitas escolas: são burros, são mal educados, são estúpidos, os pais não querem saber, nunca vão ser nada na vida, não vale a pena ensinar porque não vão aprender, etc, etc, etc.

Supostamente, segundo o Decreto-lei 54/2018, os alunos que necessitem de apoio têm de ter o acompanhamento de um professor de ensino especial durante as aulas. Ora bem, sabemos todos muito bem, que isso não é possível, pelo menos na escola pública. 

Dou explicações a uma menina que também tem PHDA, e que anda num colégio privado. Tem essas "regalias" e não é medicada. Até aqui tudo bem. A minha questão é que a menina não faz nada sozinha. Além das dificuldades que tem, ela própria acha que não consegue fazer nada sem ajuda, ou acha que as outras pessoas (eu, professores, pais) têm obrigação de a "ajudar" (fazer por ela).

Pergunto-me se neste caso não seria preferível medicar e dar alguma autonomia à miúda? Eu acho que sim. Mas a menina não é minha filha, logo eu nem opino sobre isso. Estou aqui apenas a partilhar. 

Voltando ao meu filho. Durante o processo de exames e consultas, pesquisei sobre o assunto. E no meio de muita coisa que não interessa, encontrei muitas opiniões de médicos, que me levaram a mudar de opinião. 

Foquei-me nas opiniões de especialistas da área (pediatras de desenvolvimento, neuropediatras e pedopsiquiatras) e a opinião é unânime, a medicação faz toda a diferença. 

Numa dessas pesquisas encontrei uma conferência com o Dr. Nuno Lobo Antunes que fez toda a diferença e onde percebi muito bem os riscos de medicar e os de não medicar.

Também houve uma conversa com a técnica que fez os exames auditivos ao Gonçalo, que me ajudou. O seu filho também foi diagnosticado com PHDA, é seguido pela pediatra de desenvolvimento do Gonçalo e está medicado. Segundo a mãe, o miúdo melhorou bastante na escola com a medicação (é inteligente mas não gostava da escola) e mesmo ele dizia que se sentia melhor com a medicação, além do seu dia-a-dia ter também melhorado.

Esta conversa/partilha, de mãe para mãe ajudou-me muito.

Decidimos então medicar e nunca cheguei a questionar a médica sobre isso.

O Gonçalo iniciou a medicação em Novembro e a médica avisou-nos que nas primeiras duas semanas não notariamos praticamente diferenças. 

Assim foi, mas no final das duas semanas já notávamos. O Gonçalo estava mais calmo, não havia tanta impulsividade, concentrava-se durante mais tempo, ouvia-nos mais, aceitava melhor o "não"... foi uma mudança gradual mas bastante significativa. 

Na escola também nos iam dizendo que notavam melhorias. 

De início notámos alguns efeitos negativos, como menos apetite e dificuldade em adormecer. Adormecia mais tarde, acordava mais cedo e dormia mal durante a noite. Aos poucos isso foi melhorando e de momento come e dorme bem! 

Ele, apesar da sua imaturidade, também percebe que o comprimido o ajuda. Logo no início eu expliquei-lhe que tinha de tomar um comprimido todos os dias porque o cérebro dele não produzia uma coisinha necessária para estar mais calmo e concentrado. Ele entendeu, dentro das limitações da idade, e nunca se esquece de tomar o comprimido. Há dias que diz que não quer porque é aborrecido, mas na maioria das vezes fá-lo naturalmente. 

Já lhe perguntei se ele se sente diferente, e ele diz que sim, que está mais concentrado e não se irrita tanto. Já chegou a perguntar-me porque é que no ano passado fazia birras na escola e porque é que gritava, portanto nota diferenças entre uma altura e outra.

Eu sempre gostei muito de legos e comprei-lhe alguns quando era mais novo. Ele nunca ligou muito. Agora adora legos. Já compramos alguns, a minha irmã também lhe ofereceu e ele dedica-se bastante tempo a montar. Tem alguns técnicos, que são específicos para alguma coisa, mas ele consegue seguir bem as instruções e montar. Tem uns de 7 anos em que precisa de mais ajuda, mas os de 5 e 6 anos já monta sozinho e alguns até já monta sem as instruções. 

E porque houve esta mudança? A meu ver foi o facto de conseguir estar concentrado que fez a diferença, e isso foi possível graças à medicação!

Em Portugal, o tratamento farmacológico para a PHDA passa pela medicação psicoestimulante e temos ao nosso dispor duas opções: o metilfenidato e a lisdexanfetamina.

Existe ainda a atomoxetina, que não é estimulante, mas também está aprovada para a PHDA. É mais usada em pacientes que não respondem bem, ou têm contraindicações para o uso de psicoestimulantes.

No metilfenidato temos o Rubifen (medicamento que o Gonçalo começou a tomar, mas que de momento está esgotado), Ritalina, Concerta e genéricos.

Estes medicamentos demoram cerca de 20 a 30 minutos a começarem a fazer efeito e conoante o medicamento, a duração do efeito é de 3 a 5 horas ou de 8 a 12 horas.

Na Lisdexanfetamina temos o Elvanse (será o medicamento que o Gonçalo começará a tomar, caso o Rubifen não deixe de estar esgotado entretanto). Demora entre 1 a 2 horas a fazer efeito e a duração é de cerca de 12 horas.

Segundo o pediatra Ruben Rocha "A medicação tem como objetivo repor níveis de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina) em determinadas área cerebrais (...) muito relacionadas com funções executivas e inibição de impulsos, que se sabem estar em défice nestas crianças. A sua eficácia e segurança estão largamente comprovadas em mais de 60 anos de utilização regular e contínua em todo o mundo."

Portanto, nada disto é novo, nem a PHDA, nem a medicação. 

Claro que a medicação por si só não resolve o problema e por isso, também é unânime estre os pais e especialistas, que as terapias são essenciais para o desenvolvimento de crianças com PHDA. 

No caso do Gonçalo ele faz psicomotricidade quinzenalmente, mas só o tempo poderá dizer que outras terapias poderá, e deverá fazer.

O desporto também é extremamente importante, mas isso é para qualquer ser humano, certo?

Nós pretendemos colocá-lo num desporto, não por achar que ele precisa de gastar energias (com ou sem desporto ele gasta bastante, nunca foi problema) mas por uma questão de aquisição de novas regras e hábitos. De momento não é a nossa prioridade, e dadas as circunstâncias, preferimos investir na psicomotricidade e na terapia da fala, que pretendemos iniciar brevemente. 

Outra questão que acho que faz toda a diferença, é o básico bem feito. Não nos adianta de muito medicar e fazer terapias se depois outras questões ficam em segundo plano. 

A hora das refeições, hora de acordar, hora de dormir, a rotina antes de dormir, a rotina quando acorda, as conversas com os pais, a rotina das refeições, a brincadeira livre, a brincadeira com os pais, a leitura de histórias, a conversa/ interpretação dessas histórias, brincar na rua, pisar a areia, pisar a relva, a boa alimentação, ouvir música, falar sobre música, não estar muito tempo com ecrãs, pintar com as mãos, moldar com as mãos, estimular a criatividade, fazer jogos, as brincadeiras que promovem a concentração (Legos, por exemplo), tudo isso faz diferença no desenvolvimento de qualquer criança, logo, numa criança com PHDA não será diferente.

Caso tenham perguntas, não hesitem em fazê-las. 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

domingo, 10 de março de 2024

ANSIEDADES DE DOMINGO

 Hoje sinto-me um pouco ansiosa!

Acordámos todos cedo cá em casa, já fomos votar, e o dia já está encaminhado. Tomei banho, ia pôr creme no corpo, mas não me apeteceu, fiquei-me só pelo óleo, é melhor do que nada. Lavei muito bem o cabelo, pois durante a semana é sempre mais corrido, já fiz as camas e agora estou a beber um café na cozinha e a contemplar a roupa estendida na lavandaria. Acreditem, a visão não é bonita!

A máquina da roupa já lava e tencionava lavar 2 máquinas hoje, pois pensei que a meteorologia o permitisse. Mas parece que não vai ser assim, pois está um escuro lá fora que parecem 6 da tarde. 

Aspirei, arrumei e limpei na quinta-feira, na sexta voltei a dar um jeitinho para entrarmos no fim-de-semana com a casa em ordem, mas não... Hoje está caótica! Há brinquedos por todo o lado, mas o pior é ver o chão sujo, depois de ter sido aspirado 2 dias seguidos e de ontem termos estado em casa pouco tempo. Como é que é possível?

Então dei por mim a olhar e a pensar "nem sei por onde começar". Por isso é que resolvi sentar-me a beber um café e a escrever aqui, pode ser que ajude. 

Vou tratar da roupa seca, apanhar, dobrar, separar o que vai ser passado e arrumar logo o que não vai ser.

Depois vou dar uma varridela no chão, porque hoje não vale a pena fazer grandes coisas quanto a isso. Varro e depois passo a swiffer com uma toalhita húmida, dá para manter assim. 

E depois acho que vou dar uma arrumadela nos brinquedos do Gonçalo. Ele hoje está um pouco agitado. O medicamento que toma para a PHDA está esgotadissimo e não estou a dar-lho ao fim-de-semana para que os que tem, já são poucos, durem alguns dias de escola. Nota-se muita diferença a não toma do medicamento! (falarei melhor sobre o assunto num post só sobre isso) 

Vou sair um pouco com ele, vamos dar uma voltinha de carro, porque ele gosta de ir ver o Porto de Setúbal, gosta de ver os navios e os carros, e andar de carro acalma-o. Depois, se ele estiver bem, vamos à Modalfa comprar-lhe umas roupinhas e aproveitar o talão de 5€ na compra de 25€. 

Se ele estiver muito agitado acho que faço as compras no site. 

E vou tentar levar o dia com alguma leveza, porque se eu stresso é que a casa vai abaixo. 

Bom domingo! 


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

quinta-feira, 7 de março de 2024

PEQUENOS ESPAÇOS - BRINQUEDOS NA SALA

 A nossa casa é "piquinita", tem 55m2 divididos por uma cozinha, uma sala, uma casa-de-banho, 2 quartos, um hall e uma marquise.

Portanto o espaço não abunda. Para as coisas resultarem minimamente, o espaço tem de ser bem organizado, e temos de priorizar com frequência.

O Gonçalo gosta muito de brincar na sala. Sempre foi assim e eu também acho importante estarmos os 3 ao fim do dia na mesma divisão, para conversarmos, mesmo que cada um de nós esteja a fazer uma atividade diferente. 

Assim, opto por ter um cantinho na sala com as coisas dele.

Vamos mudando consoante as brincadeiras que prefere na altura.

Neste momento temos legos, caixas com cartinhos, alguns livros e uma secretária que também é um quadro de giz.

Na foto está arrumadinho, mas ao longo dos dias vai ficando desarrumado, o que nos obriga a ir arrumando sempre para não ficar caótico.



Além de ser importante ele ter os brinquedos que gosta acessíveis, também é importante aprender a arrumá-los. Por isso é que gosto que cada coisa tenha o seu lugar, pois ele assim tem facilidade em arrumar, e em encontrar o que quer.

Estas pequenas coisas são ferramentas importantes para o futuro e no caso do Gonçalo, a sua PHDA, possivelmente irá complicar-lhe a vida no que toca a perder coisas. Por isso é importante ensiná-lo a organizar as suas coisas para que isso seja natural no seu futuro e evite transtornos. 

Organização é vida, minha gente, e eu sou muito desarrumada, mas muito organizada. 

Vai lá perceber-se!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

segunda-feira, 4 de março de 2024

PHDA E PEA - ACOMPANHAMENTO ESCOLAR

 Há dias li qualquer coisa sobre a sobrecarga mental das mães (no caso falava especificamente das mães) de filhos autistas. 

E ao ler aquele pequeno texto, identifiquei-me muito com o que lia, pois vejo que para conseguirmos alguma coisa para os nossos filhos (e aqui falo nas mães no geral) a nível de acompanhamento escolar, temos de ser chatas, persistentes, insistentes e um bocadinho hipócritas, porque há dias em que a vontade é ser mesmo rude com certas pessoas, mas temos de manter a educação e o sorriso na cara.

Bem, explicando os meus desgostos, aqui vai.

Ainda no primeiro período deste ano letivo pedi, junto da educadora entretanto aposentada, que o Gonçalo fosse novamente avaliado pela terapeuta da fala do agrupamento escolar.

Logo nesse primeiro pedido a sua resposta foi algo do género "vai ser difícil  porque é só uma terapeuta para o agrupamento todo". Eu fiz ouvidos de mercador e continuei a insistir nessa avaliação. 

Na altura tive uma reunião com a educadora (agora aposentada) e com a educadora de ensino especial que estava a acompanhar o Gonçalo por ele estar abrangido pelo DL 54/2018, que estabelece os princípios para a inclusão nas escolas. 

Nessa reunião, além de me explicarem no que consistia o acompanhamento especial do Gonçalo, voltou a falar-se da avaliação com a T.F. e também com um psicólogo. E ambas as educadoras voltaram a frisar a falta de terapeutas na escola, etc. 

Deixei claro que esse não era um problema meu, pois eu não tinha como arranjar terapeutas para a escola. Mas que pretendia uma resposta digna e concreta, e não apenas esta conversa de que "vai ser difícil porque não há terapeutas".

Passados uns meses e com a educadora a reformar-se e eu a ver tudo na mesma como a lesma, e ainda a turma sem educadora principal, enviei um e-mail para a direção a insistir na avaliação e a questionar sobre a falta de educadora. Afinal de contas ninguém nos tinha informado de nada, do que poderiamos esperar, etc.

Enviei o email às 18h, às 19h tinha uma resposta, muito esclarecedora, por sinal, e que mostrava algum cuidado na sua concepção, pois estava tudo super bem explicado. 

Nesse e-mail fui informada que o meu pedido ía ser direcionado a EMAEI (equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva) e não fiquei a perceber se já havia um pedido ou não, pois nunca referiram isso. Fiquei com a ideia que foi sempre tudo tratado de forma oral, e não houve registo nenhum.

Entretanto, no dia a seguir ao meu email, a educadora enviou-me mensagem a dizer que a terapeuta lhe tinha ligado a dizer que assim que tivesse disponibilidade iria avaliar o Gonçalo. Mas, novamente, isso não chegou ao papel, não há registo de nada, portanto é como se ninguém tivesse dito nada.

Um mês e meio depois do meu e-mail, e de outros dois a reforçar o pedido (estes nunca foram respondidos) e já com educadora nova na sala, volto a pedir uma reunião com a educadora de ensino especial e agora com a nova educadora. 

Pedi esta reunião porque havia uma nova pessoa envolvida, que também se mostrou interessada nessa reunião, porque queria saber como estava o acompanhamento da educadora E.E. a ser feito com o Gonçalo e porque não gosto de estar com dúvidas. 

Novamente houve a conversa de não haver terapeutas suficientes, e eu novamente disse que não era um problema que pudesse resolver. Entendo que uma pessoa não chega para tudo, mas não entendo como é que o aluno no ano passado foi avaliado com tanta facilidade e agora não se consegue dar seguimento nenhum. 

No mesmo dia recebi então a resposta da EMAEI. Resumiram o caso Gonçalo, as vezes que eu entrei em contacto com a equipa, as reuniões que fui tendo com as educadoras e o facto do Gonçalo estar a evoluir bem com a medicação e terapia paga pela família. Referiram que o DL 54/2018 enfatiza o acompanhamento do aluno tendo em conta o seu desenvolvimento e não o seu diagnóstico! E referiram também que o Gonçalo foi avaliado no ano passado e que a terapeuta concluiu que ele não precisava de terapia da fala.

Esqueceram-se que no mesmo relatório, a terapeuta da fala, frisou que o Gonçalo não dizia bem todos os sons do Português-Europeu, nomeadamente um grupo consonântico (no caso dele são palavras com pr, br...) mas que não representava um problema pois estava dentro da faixa etária para o adquirir. 

Esta faixa etária era até aos 6 anos e meio, idade que completou em Outubro. Portanto  se no ano letivo passado estava tudo bem porque ele tinha 5 anos e meio, este ano já representa uma preocupação, pois ele fará 7 anos em abril.

Informaram-me ainda de que o Gonçalo não precisa de acompanhamento psicológico pois fica bem na escola.

Posto isto, o que devo eu fazer? 

Para já, respondi educadamente ao e-mail e dei uma no cravo e outra na ferradura. Usei umas quantas metáforas para os chamar de incompetentes e fiquei mais aliviada. 

E vou ficar por aqui no que toca à escola, pelo menos por agora. 

A minha prioridade agora é garantir as devidas terapias. Como vejo dificuldades na escola, e já estou a ficar desgastada, vou tentar outras opções. No entanto, não sei se ficarei por aqui.

Há outras equipas a quem recorrer, como a DGEST, por exemplo. Também posso colocar a questão à Provedora da Justiça, saberei logo se o caso está a ter a atenção merecida. Mas pergunto-me se será mais um desgaste? Por um lado acho que ficarmos quietos não nos leva a nada, por outro acho que insistir pode ser que resulte, afinal água mole em pedra dura tanto bate até que fura. 

Eu percebo que o caso do Gonçalo não é grave, que apesar do diagnóstico e do ano passado muito atribulado, ele evoluiu muito e parece bem encaminhado. Mas por outro lado acho que desvalorizam, que empurram com a barriga e que mesmo a familia solicitando alguma ajuda, não ajudam, não se interessam... não é grave, mas se não houver acompanhamento fica grave! 

Agora a parte boa. Na reunião com as educadoras foram esclarecidos alguns pontos, nomeadamente em que consiste exatamente o acompanhamento da ed.  ensino especial.

Este acompanhamento é feito de forma indireta, pois o Gonçalo não apresenta dificuldades que justifiquem o trabalho direto. Por outro lado, se a educadora principal sentir alguma dificuldade, aí terá as orientações da ed.de ensino especial. 

Ambas disseram-me que até ao momento não viram essa necessidade pois ele tem evoluído bem.

Também reforçaram aquilo que já tinha sido dito, que o Gonçalo tem um vocabulário acima da média para a sua idade, usa adjetivos que as outras crianças da sala não usam e que é muito inteligente. Tem capacidade de argumentação, coisa que no ano passado os envolvidos achavam que não tinha, e usa muitas metáforas, mesmo ele não fazendo ideia do que isso é. 

Há dias não cumpriu uma ordem da auxiliar na hora do recreio, e ela disse-lhe para se sentar um pouco "de castigo". Entretanto a educadora chamou-os para irem para a sala e deu-se a seguinte conversa:

"- Para a sala?! Mas eu não brinquei nada...

- Não brincaste porquê, Gonçalo?

- Não tive tempo.

- E não tiveste tempo porquê?

- Porque a Isabel mandou-me sentar.

- E porquê?

- Ai... o meu coração... (já não lhe interessava o porquê)

- Então, estás bem?

- Estou magoado no meu coração...

- Mas porquê? Caiste, bateram-te com a bola...?

- Não, estou triste! Não queria ir já para a sala..."

Aproveitei para levar os trabalhos que tem feito na psicomotricidade e as educadoras também ficaram satisfeitas, pois os resultados são muito proveitosos! 

Portanto nem tudo é mau. Apesar de me sentir desamparada numas coisas, noutras sinto um grande suporte e isso acaba por ser motivador.

O importante é não baixar os braços! 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sexta-feira, 1 de março de 2024

ROTINA CAPILAR

 Este post está escrito há quase 2 semanas. Mas aqui a vossa amiga ainda não teve oportunidade de tirar uma foto gira (nem feia) a todos os produtos de cabelo. 

Ou lembro-me quando não estou em casa, ou quando estou em casa lembro-me, mas não me dá jeito. Portanto vai mesmo assim, sem foto. E fica a promessa que a foto vem depois! É só para não adiar mais, ok?

Espero que gostem, mesmo sem foto...

Lembram-se que eu tive o cabelo curtinho há uns anos? (A minha foto do blogue ainda é dessa altura).

Usei-o curto durante muitos anos e pensei que nunca mais na vida voltaria a deixar crescer o cabelo. Pois também o usei muito comprido muitos anos e sei bem o trabalho que dá. Se bem que eu na altura nem tinha cuidado nenhum com o cabelo, mas adiante...

Passados muitos anos, resolvi deixar crescer. E pensei que gostaria de deixá-lo ali pelos ombros. Acontece que ando há 3 ou 4 anos (já perdi a conta) a tentar e não consigo.

Umas vezes porque não tenho paciência, já que há ali uma fase em que ele fica estranho, outras vezes porque me faz muito calor e resolvo cortar um pouco, outras vezes porque a minha cabeleireira confunde o termo "cortar as pontas" com "cortar 3 dedos". Que foi precisamente o que aconteceu na última vez que cortei no salão,  em Outubro. 

A mulher apanhou-me distraída a falar e quando dei por isso, tinha a nuca toda descapotável... 

Nesse dia resolvi não voltar lá para cortar pontas (e ela já deve de estar a estranhar o meu desaparecimento), assim evito estes equívocos. 

Resolvi deixar crescer e pronto. Tenho de passar as fases difíceis e aguentar. Até porque o pior foi mesmo quando tinha curtinho e deixei crescer. Houve ali uma fase que o cabelo parecia um capacete e eu aguentei.

Já lhe cortei umas pontinhas em casa, com aquela técnica dos elásticos, e quando sentir necessidade é o que voltarei a fazer.

Quando ele atingir um tamanho próximo do que eu quero, então vou cortar no salão e depois faço a mudança que ando a planear há anos.

Agora tenho de dar tempo ao tempo.

Mas, a questão de não cortar com tanta frequência, é que as pontas podem ficar fraquitas e fica feio. Detesto cabelos compridos e ralos! 

E como tem sido a minha rotina capilar?

Vocês sabem que gosto de produtos bons e baratos. De momento uso tudo de supermercado e tem corrido bem. No entanto, pondero em investir num champô e numa máscara de melhor qualidade. Mas vamos ver.

Tenho experimentado champôs para cabelos ondulados/encaraculados. Fazem toda a diferença pois o cabelo fica menos frisado e mais definido.

Lavo o cabelo dia sim dia não, e uso sempre máscara nas pontas. E faz diferença quando não uso.

Não seco demasiado com a toalha, porque deixa o cabelo frisado. Tiro o excesso, depois penteio com um pente de dentes largos e passo uma gotinha de óleo de pontas. Passo, passo, passo...

A seguir passo uma noz de creme para caracóis. Já usei da Fructis, do Mercadona e neste momento uso da Label, marca do Continente. Em termos de preço é o que compensa mais e gosto. No entanto o favorito é o Fructis, tanto pelo resultado como pelo cheiro.

Os produtos aplico sempre com a cabeça para baixo, de modo a aplicar no comprimento e não na raíz.

Aplico o creme, passo no comprimento  passo, passo, passo, até sentir que está bem espalhado e absorvido. Volto a pentear e o cabelo fica separado pelos dentes do pente. Mantendo essa separação e vou amachucar o cabelo com as mãos. Com calma, delicadeza e tempo. Aperto aqui e espero uns segundos, aperto ali e espero mais uns segundos e assim vai. 

Depois viro a cabeça para cima (endireito-me, estão a perceber?) e repito pelo cabelo todo para ter a certeza que está tudo com produto e minimamente definido.

Há sempre zonas mais definidas do que outras, mas isso tem a ver com as características do próprio cabelo.

Depois aplico um protetor térmico em spray, que além de proteger os fios do calor do secador, acho que ajuda a evitar o frizz (pesadelo dos cabelos ondulados).

A seguir vem a secagem. No verão, por norma não seco, deixo secar ao natural, mas com o frio não consigo. Uso a temperatura média, porque a fria demora muito tempo e eu não tenho paciência, sempre na velocidade mínima e vou secando e apertando os caracóis. 

Quando termino fico com uma bela juba, que infelizmente vai diminuindo e assentando.

No fim gosto de aplicar mais uma gotinha de óleo nas pontas e está pronto.

Nos dias de muita humidade, a seguir ao creme também aplico um pouquinho de gel, ajuda a manter a coisa em ordem e menos frisada, mas não uso sempre.

Há dias em que se mantém mais bonito, há dias em que chego à noite e pareço uma maluca despenteada. Mas é mesmo assim, o cabelo tem vida própria e só temos de aceitar!

Nos dias que não o lavo, podia molhar só as mãos e dar um jeito. Mas isso já não é suficiente, ele fica frisado, demasiado áspero, despenteado, e eu não gosto.

Então, uso um spray só com água para o molhar. Fica bastante húmido, à exceção da raíz, e volto a repetir tudo como no dia em que o lavo. A diferença é que uso muito menos quantidade de produtos, pois tem vestígios do dia anterior e se colocar demasiado fica pesado e oleoso ao longo do dia.

Pinto-o de 3 em 3 semanas, também em casa. Há bastante tempo que não pinto no salão, porque acho que fica caro. Não que ache caro para o trabalho da cabeleireira, mas pensando que independentemente de pintar em casa com tinta de supermercado, ou no salão com tinta profissional, ao fim de 2 ou 3 semanas tenho uma raíz de brancos a dar o ar da sua graça, tira-me a vontade de gastar 4 vezes mais do que gasto.

Compro sempre, ou na grande maioria das vezes, em promoção. Se a tinta custa 10€, e a encontro a 5€, faço logo stock. Nem sempre uso a tinta toda. Por exemplo, esta semana pintei o cabelo todo e usei um frasco completo. Nas próximas 2 vezes, só vou pintar as raízes e uso metade do produto. Divido mais ou menos em partes iguais e faço a mistura num frasco à parte. 

Faço assim há anos e tem corrido bem. Tenho o cabelo saudável, nunca tive problemas com tintas de supermercado. 

Antes de engravidar pintei 2 ou 3 vezes num salão que me deixou o cabelo sequíssimo. O que o salvou foi a "carecada" que lhe dei quando engravidei e o facto de ter estado 8 meses sem o pintar.

Entretanto, tenciono investir nuns acessórios para o cabelo: uma touquinha de cetim para dormir (acho que o meu marido vai adorar...) porque ajuda o cabelo a manter-se alinhado, não frisa, não parte. Dizem, nunca experimentei... Mas só de pensar que posso acordar com ele logo mais bonito, fico entusiasmada. Também quero uma escova própria para definir cabelos ondulados. Serão os próximos investimentos, certamente. 

E é isto! Não é das rotinas mais trabalhosas, mas também não é das mais simples. Antes usava só espuma e estava pronta para sair. Outos tempos, outras modas! Agora não conseguiria fazer da mesma forma!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

AS VISUALIZAÇÕES AUMENTARAM

 No último mês as visualizações do blogue aumentaram quase o dobro, minha gente!

Muito obrigada por me lerem, por me visitarem! 

O blogue tem 14 anos, é um hobbie, é pequenino e tem sofrido muitas alterações nos temas, e na regularidade de posts, ao longo dos anos. 

A altura que teve mais visualizações e comentários foi na minha gravidez e a partir daí foi um descalabro!

Mas fiz questão de continuar. Na pior das hipóteses, se ninguém lesse e/ou comentasse, tinha aqui um bom diário para reler quando quisesse.

Sei que há aqui leitoras quase desde o início,  mas deve haver gente nova. 

Comentem, acusem-se, digam qualquer coisa. Aceito que venhan só cumprimentar, que façam críticas construtivas, que dêem ideias, que façam perguntas... comentem! Acreditem que para mim faz toda a diferença ter o vosso feedback, ganho muita motivação e fico tãããão feliz! 

❤🙏


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

PHDA E PEA - PSICOMOTRICIDADE

 O Gonçalo faz Psicomotricidade pelo menos 2 vezes por mês. Iniciámos em Novembro e temos visto muitas melhorias no seu desenvolvimento. 

Obviamente que o desenvolvimento dele não está relacionado só com esta terapia, mas com tudo. Com a medicação, com as mudanças que ocorreram na escola depois do diagnóstico, com os estímulos em casa, e também com a maturidade que ele foi adquirindo. Tudo junto faz a diferença.

Mas o que trabalha a Psicomotricidade?

- Dificuldades em socializar, interagir e comunicar,

- Dificuldades em permanecer sentado e concentrado,

- Dificuldades em regular o comportamento, seja na impulsividade, na hiperatividade e/ou na agressividade, 

- Dificuldade em reconhecer e gerir as emoções,

- Dificuldades na coordenação, equilibrio, marcha, estruturação espaciotemporal, noção do corpo, lateralidade, praxia global (correr, andar, saltar...) e praxia fina (cortar com tesoura, pintar com pincel...).

Em cada sessão trabalham-se vários conceitos, um simples exercício envolve muita coisa.  

No caso do Gonçalo o objetivo é prepará-lo para o 1°ano escolar, tendo em conta todas as condicionantes que envolvem o seu diagnóstico: Dificuldades na concentração, impulsividade, hiperatividade, alguma dificuldade em interagir e comunicar.

Para quem tem curiosidade, digo-vos também o valor destas sessões. Nós pagamos 40€ por sessão e cada sessão tem 1 hora. 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...