Há muito tempo que o Gonçalo diz que precisa de gastar energias em determinadas situações do seu dia-a-dia.
Estar em casa é extremamente difícil para nós, pois ele tem mesmo muita necessidade de correr e a nossa casa não tem espaço para isso.
Os confinamentos no tempo da pandemia foram particularmente difíceis, principalmente o primeiro, tanto pela sua idade, como pela dificuldade em mantê-lo em casa.
Mas como era pequenino, acabava por conseguir gastar as energias a dar cambalhotas e saltos no sofá, dava para andar de triciclo em casa, mesmo sendo apertado, hoje em dia já é mais difícil!
Na altura do primeiro confinamento, lembro-me de ter desabafado com uma amiga a dificuldade de estarmos em casa e ela disse-me para brincar com pinturas e plasticinas com ele, que era o que ela fazia nos 15 dias, anuais, que o seu filho tinha de férias do infantário. Eu até achei piada porque lembrava-me perfeitamente da ansiedade que ela sentia dias antes, precisamente por ser difícil manter o filho ocupado. Mas normalmente as pessoas resolvem melhor os problemas dos outros do que os seus!
Portanto, estar em casa, agarrado ao telemóvel, pode acontecer, e acontece, mas pontualmente. Não é regra, a regra é mesmo precisar de correr muito.
Hoje o dia esteve chuvoso, foi o primeiro dia de férias, apesar de supostamente hoje ter sido o último dia de aulas (já não houve aulas) e ele não encarou muito bem o facto de ficar sem a rotina da escola, sem os amigos e com a chuva, pior ainda.
Nestes dias diz muito "odeio dias de chuva"!
Como podem imaginar não é fácil controlar isto, ainda por cima porque ele tem plena consciência da falta que uma boa corrida lhe faz.
Tive de dar a mão à palmatória e deixá-lo correr à chuva.
Já alguém disse que não existe mau clima, existe é má roupa. Calcei-lhe uns ténis impermeáveis e vesti-lhe um corta vento impermeável. Vesti também o meu corta vento e fomos ao parque para ele correr.
Chuvia pouco, mas foi o suficiente para regressarmos molhados a casa. Ele transpirou bastante, e assim que entrámos em casa perguntou "já posso ir tomar banho?"
E assim foi, tomou banho, mas depois disse-me que ainda tinha muita energia, porque não gastou tudo...
E com muita energia o que acontece? Birras, choro, perde o controlo por coisas mínimas, e torna-se difícil manter calma. Ele e nós!
Na escola, a auxiliar chegou a dizer-me que os dias de chuva eram difíceis para ele, porque ficava muito agitado por não poder correr à vontade no exterior e depois o barulho de todos os colegas no interior também não ajudava.
E a escola dele, tem um bom pátio interior para estarem nestes dias!
O que me mostra, entre muitas outras coisas, a vantagem de ele ficar naquela escola.
Ontem tive uma reunião com a EMAEI e falámos das opções que eu fiz na matrícula, a nível de escolas. Onde eu referi que a minha segunda opção, neste momento é a última e que espero que ele não fique colocado nessa escola. Apesar de ser a escola pertíssimo da nossa casa, entre outras coisas, ser pequena preocupa-me. Mas não entrei em detalhes e houve uma professora que não gostou da minha observação e disse não concordar comigo, pois os seus dois filhos tinham andado nessa escola, e ser pequena nunca foi um problema.
Eu tive vontade de perguntar se algum dos filhos era hiperativo, mas achei que isso poderia levar a algum desentendimento e continuei o meu discurso, justificando de outra forma o porquê de preferir mantê-lo na escola onde está.
Mas para mim é óbvio que tirá-lo de uma escola com um espaço exterior 4 vezes maior, com um espaço interior também maior, com muitas melhores condições, entre muitas outras questões, vai ser mau para ele.
Posso parecer paranóica, mas acreditem, só estou a ver as coisas como elas são, pois conheço muito bem o meu filho.
E é nisto que tenho pensado, a minha preocupação com a mudança de escola é grande, e hoje enquanto ele corria no parque a fingir ser estar num carro, o meu coração ficava apertado.
Segunda, em princípio, saem os resultados das colocações, vamos ver o que nos espera.
Mas dias de chuva e a hiperatividade do meu filho, são coisas que não se entendem!